quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O talento ou acaso não escolhem, para manisfestar-se, nem dias nem lugares. (José Saramago)

Espanta-me a leviandade com que pessoas escrevem livros. Aceito artigos de opinião, ensaios de pequenos textos, blogues, revistas, palavras seguidinhas com um propósito específico de caráter diverso, mas livros são outra questão. Um livro é um conjunto de folhas reunidas onde as palavras se encaixam para um propósito unipessoal, destinado a cada leitor que se deixe desafiar. É um aglomerado de factos, ideias ou histórias com capacidade para sacudir o mundo que nunca mais ficará exatamente igual, perante a novidade. É um conto fantástico e impossível narrado ao pormenor do detalhe, e deixem-me referir-vos aqui as intermitências de Saramago, não há exemplo melhor. É um encaixe encadeado em personagens inventadas mais próprias do que a pele que as escreve, por dentro e para fora. Quando pegamos num livro folheamos e cheiramos as folhas, olhamos a lombada, espreitamos o prefácio e a partir daquele exato momento sabemos que a história também nos pertence. Em conclusão, um livro oferece imaginários, e oferecer imaginários é uma responsabilidade. A ligeireza com que hoje se vendem histórias!... em alguns casos deveria reinar uma certa infertilidade.