sexta-feira, 28 de março de 2014

Em terras de ninguém...(preocupante!).


No calendário, os dias não são todos iguais. Há os que passam por nós de forma quase indiferente, mesmo se tentamos que cada um seja novo e especial. São dias que se sucedem a outros dias, sem espalhafato nem marcas, e se vivem entre banalidades e rotinas. Mas há também os que têm significado(s) e os que ganham de repente um sentido novo. E que, por isso, se assinalam.

Há os que vão e há os que ficam.
A ideia de quem fica é a mesma de quem vai - escolhas ou não.
Os que vão levam o que não pode ficar.
E os que ficam resistem ou não.


 O 25 de Abril foi há 40 anos.

A mentira tornou-se a linha geral de quem nos governa. E o descaramento com que usam o engano só mostra que confiam nos resultados que têm obtido com essa linha de conduta. O que é preocupante!...
S.Leiter
A árvore do dia abrindo a noite... 

quinta-feira, 27 de março de 2014

Modos de olhar...


Hora a hora Deus piora...

Há um padrão de repetição.
Todos dizem  as mesmas coisas.
Todos sem exceção, ou seja, nada é excecional, já tudo foi uma variante e agora as surpresas são poucas.

"Estaremos nós, os artistas do palco, em conformidade com as exigências dos mercados higienizados ou será que têm medo do poder que temos para limpar um espaço nos corações e no espírito da sociedade, reunir pessoas, para inspirar, encantar e informar e para criar um mundo de esperança e de colaboração sincera?"

Brett Bailey, (dramaturgo e encenador sul-africano)
"Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas( por um Coelho) é uma geração que nunca o foi".

quarta-feira, 26 de março de 2014

estima...


Há pessoas que nos marcam. Não importa o tempo que passaram connosco. Menos ainda importa a quantidade de conversas que com elas trocámos. Há pessoas que nos marcam. Pela mão com que nos ajudam a levantar, depois de tantas outras que nos empurram.
Ocorre-me sempre e neste contexto o agradável educador "...". Um pequeno moço que a vida largou para a morte cedo de mais. Reunia sabedoria farta num corpo novo, a prova de que os anos não são os únicos indicadores válidos de crescimento, e exaltava tranquilidade na frase mágica que dizia com a constância de um respirar: quem não confia, não é de confiar. Ele sabia o que dizia e de quem falava. Sabia que a segurança nasce primeiro em nós e só depois do outro lado, sabia ainda que se a dita não se assomar dentro do corpo, jamais nos aparece envolvida por um outro além do nosso.
O ser humano não é puro por natureza e tudo o que reme ao contrário é coragem e persistência.

 É exactamente por isto, que os tenho em tanta estima. Pelo menos a alguns.





terça-feira, 25 de março de 2014

A erva da fortuna (pessoas nabo)...


Bom, é tal qual o nome indica: um nabo, insulto que o povo convencionou atribuir a quem não adianta grande coisa, não tem grande préstimo.
Pessoas nabo são exactamente assim: lá terão a sua missão na vida porque todos somos filhos de Deus, mas não se percebe bem como são ou o que querem; não se explicam, são uns atrasos de vida e uns empatas, uns Timex que não atrasam nem adiantam. Tal como os nabos, servem de base para qualquer coisa mas não completam nada do que começam.
Claro que dentro do maravilhoso mundo das Pessoas-Nabo há subtipos: os que são uma desgraça tão grande que nem chegam ao estatuto de Nabiça (geralmente menos perigosos, porque não enganam ninguém, coitados) e ainda os que têm pretensão a Rabanete, que é o parente bem do Nabo.
E com gente Nabo, Nabiça ou Rabanete, a atitude deve ser precisamente essa- um convívio moderado, ocasional, estilo conheço-te mas não quero cá proximidades. Lá dizia a minha avozinha que só gostava daquilo que dava resultado, e é bem verdade...


A nabiça da Teodora por exemplo:
Teodora, uma sumidade, uma excelência, uma expert, um Prémio Nobel em potência, despontou para a economia e finanças e política e arte de largar bitaites, sugeriu a possibilidade de vir a ser criada uma nova imposição fiscal, desta vez sobre os levantamentos bancários, como fator estimulador da poupança...

Ena! Tantos nabos , nabiças e rabanetes ...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Um passo à frente das notícias...

A marcha da cobardia e do medo faz-se todos os dias. E a Dignidade vai rareando. 
Ao longo da vida, vamos vendo as palavras escritas, aquelas em que nos revemos, passar por nós. Em forma de comboio. Às vezes sorrimos e acenamos, outras somos atropelados por ele.
O que separa os homens é a maior ou menor capacidade que têm de "suportar" a verdade de que depende a dignidade da vida.
Há certos lugares que me são irresistíveis, que sinto como se me pertencessem...
...e, então, é como se tudo estivesse no sítio certo. Mais ou menos isso...
"A verdade dói, mas a mentira mata"...
O mundo continua injusto.


sexta-feira, 21 de março de 2014

Tesouros...


O que me atrai nas coisas é o mesmo que me atrai nas pessoas: a sua grandeza, o seu valor essencial, e não aquilo que de mim encontro nelas. Não procuro espelhos, procuro tesouros. Os espelhos repetem-me. Os tesouros enriquecem-me.

(...) De repente toda a gente se pôs a um canto a meditar o país. Nunca o tínhamos pensado, pensáramos apenas os que o governavam sem pensar. E de súbito foi isto. Mas para se chegar ao país tem de se atravessar o espesso nevoeiro da mediocralhada que o infestou. Será que a democracia exige a mediocridade? Mas os povos civilizados dizem que não. Nós é que temos um estilo de ser medíocres. Não é questão de se ser ignorante, incompetente e tudo o mais que se pode acrescentar ao estado em bruto. Não é questão de se ser estúpido. Temos saber, temos inteligência. A questão é só a do equilíbrio e harmonia, a questão é a do bom senso. Há um modo profundo de se ser que fica vivo por baixo de todas as cataplasmas de verniz que se lhe aplicarem. Há um modo de se ser grosseiro, sem ao menos se ter o rasgo de assumir a grosseria. E o resultado é o ridículo, a fífia, a «fuga do pé para o chinelo». (...) Nós somos sobretudo ridículos porque o não queremos parecer. A politiqueirada portuguesa é uma gentalha execranda, parlapatona, intriguista, charlatã, exibicionista, fanfarrona, de um empertigamento patarreco — e tocante de candura. (...)*

(Vergílio Ferreira)

quinta-feira, 20 de março de 2014

E venham mais 74 e mais 74 e mais...(que o País acorde e que a Europa acorde).


Pois bem. Já não são apenas 74 personalidades nacionais que defendem que a dívida é impagável nos moldes em que as coisas estão a decorrer e que a única solução é que se invertam as políticas e se proceda à sua reestruturação. Agora há mais 74. Vêm de vários países e têm diferentes profissões.
Agora é que o burro foi à horta.
Também "lá fora" há muita gente que tem o pensamento consensual de que isto não vai com políticas de empobrecimento e de esmagamento.
Cavaco não pode despedir "essa gente", como diria Coelho num dos seus mui brilhantes ralhetes, o que deve deixar o instalado nos cadeirões de Belém ainda mais crispado. A ele e ao mui ilustre defunto Gaspar que continua a dizer coisas, embora não queira, nem possa, dizer o que diz lentamente nas entrelinhas das coisas que,oralmente, ora.
Tomara que apareçam mais 74 e mais 74 e mais 74 e mais 74 e mais. E que o País acorde e que a Europa acorde. Tomara.


terça-feira, 18 de março de 2014

Que assim seja!....


Somos todos cobaias de um sistema. Nada de novo nisto. Mas começo a temer que, pela primeira vez, a História não se cumpra. "O Admirável Mundo Novo", do Aldous Huxley, o "1984", do George Orwell, começam a parecer-me cândidos romances cor-de-rosa, quando comparados com a realidade que nos atenta.
Que resta ao homem mergulhado no abismo? Não seria ridículo interrogar-se sobre a sua situação, especular sobre os fundos abissais ou as possibilidades de chegar a terra segura? Sim, tudo isso seria ridículo e inútil. Se o abismo o convocou e se ele seguiu a intimação, a única resposta possível é: que assim seja.

Posto isto, uma coisa é certa: não sei se deva rir ou chorar!...
 E venha Hélia Correia:
"A terceira miséria é esta, a de hoje.
A de quem já não ouve nem pergunta.
A de quem não recorda. E, ao contrário
Do orgulhoso Péricles, se torna
Num entre os mais, num entre os que se entregam,
Nos que vão misturar-se como um líquido
Num líquido maior, perdida a forma,
Desfeita em pó a estátua."

segunda-feira, 17 de março de 2014

Todos têm esqueletos no armário, a bem dizer....


Todos temos esqueletos no armário.
E se vão chocalhar, é melhor que dancem!
( Do filme, Uma Boa mulher)

Existem alminhas que, às vezes cheias de boas intenções, esgotam de tal forma a paciência aos outros que a uma pessoa só lhe apetece encerrar-se entre quatro paredes bem altas e deixar de se arreliar com os desarranjos do Mundo.
Preciso de um cérebro que me entenda, que perceba o que me move, que escute as minhas razões. Encontro sempre sopa com gorgulhos, atalhos perigosos, estradas sinuosas e muito íngremes, cruzamentos!..

E saia Hélia Correia:
De que armas disporemos, senão destas
Que estão dentro do corpo: o pensamento,
A ideia de polis, resgatada
De um grande abuso, uma noção de casa
E de hospitalidade e de barulho
Atrás do qual vem o poema, atrás

Do qual virá a colecção dos feitos
E defeitos humanos, um início.

 

domingo, 16 de março de 2014

Crise: Se a vida nos dá limões há que fazer limonada...

Se a vida nos dá limões há que fazer limonada ... e se possível, juntar-lhe champagne. Há males que vêm por bem, certos milagres chegam disfarçados de chatices, não há crise que não esconda uma oportunidade, certos desejos têm maneiras esquisitas de se realizar (e causam muitas maçadas até que isso aconteça) . Quando se fecha uma porta abre-se uma janela (e às vezes, vice versa, o que é melhor ainda). Deus escreve direito por linhas tortas...e para quem crê nisso, uma má fase pode ser o Universo a falar connosco ou a apontar-nos outro caminho. Haja saúde que o resto faz-se!
Tudo na vida pode ser bem ou mal utilizado, cabe-nos decidir a volta que damos às coisas. Até podemos não escolher as circunstâncias, mas temos poder sobre a nossa reação a elas.
Poucos são os felizardos que não se sentem afetados pela crise mais chata, peganhenta e mediática desde 1900 e bolinha. É deprimente ver todos os casos dramáticos que as notícias vão mostrando (ou que se desenrolam diante dos nossos olhos incrédulos, afetando todas famílias) e pensar que tão cedo, não nos livraremos dela!...
- Ter menos dinheiro não é necessariamente uma despromoção social (nesta altura do campeonato toda a gente está mais pelintra, por isso ninguém pode fazer pouco de ninguém...) e não deve ser uma desculpa para tornar-se menos gentil ou mais egoísta. É nas conjunturas feias que se vê realmente quem tem educação, chá e bons sentimentos.

Enquanto ter razão for mais importante que resolver, não chegaremos longe...
Além disso já me falta paciência para a individualidade.

Se como diz um poeta moderno, há para cada um de nós uma
imagem que nos faz esquecer tudo o resto, para quantos não
surgirá ela de uma velha caixa de brinquedos?

sexta-feira, 14 de março de 2014

Revolta...Posturas: (0 apelo de Tiago Bettencourt).


Descobri este apelo do Tiago. Aqui o deixo. Tomara que consiga mobilizar muita gente, especialmente alguns jovens que tão desinteressados andam de tudo o que se está a passar...


E agora que andamos todos entusiasmados com o marketing à volta dos 40 anos do 25 de abril, era bom aproveitarmos para ponderar se queremos continuar a ser porcos indignos de pérolas ou se, de uma vez por todas, vamos  refletir e aprender o alcance e o propósito da palavra liberdade. Que, tal como o nome de Deus, não deve ser invocada em vão.
Resido num País significativamente oportunista, mas ainda assim indignado.  Não rebusco vontades, não tenho por hábito polir pessoas, não pego ao colo os grandes nem costumo lustrar estandartes. Resumindo: constato, analiso, encaixo, preocupo-me, denuncio ou pronuncio-me de acordo com a circunstância, passo à frente e deixo o País e o mundo iguais, a brilhar por mãos empenhadas...

quinta-feira, 13 de março de 2014

O sonho da razão...(abrir os olhos).


O que há de pior na política que tem vindo a ser seguida não é a falta de fidelidade aos princípios estruturantes da nossa sociedade, o que tem levado à maior coleção de inconstitucionalidades de que há memória; é a falta de fidelidade à palavra...

"Podes abster-te dos sofrimentos do mundo,
tens liberdade para o fazer e está conforme
com a tua natureza; mas talvez este abster-se
seja precisamente o único sofrimento que
poderias evitar."

Imagino que todos têm direito a uma segunda oportunidade. Acredito, até. Mas que não passe muito para além dela, da segunda. Porque ver continuamente os mesmos erros apenas indica que já está fossilizado, o que quer que seja que se fez (de) mal. Não nos peçam mais oportunidades. Não quando já percebemos que o caminho é o errado, ou melhor, não quando já compreendemos que não é nosso caminho. As oportunidades fenecerão à medida que fenece a nossa ilusão e esperança. Quanto mais depressa sairmos dessa fé mentirosa e maléfica melhor. No fundo, sempre o soubemos. E que não nos culpem, sobretudo que não nos culpem, por terem passado ao lado das oportunidades. Na realidade, nunca as mereceram. Sabíamos.



quarta-feira, 12 de março de 2014

Assim se cumpre Portugal!...( da retórica).

A maior parte das palavras que nos saem da boca são profundas banalidades. Assim vamos vivendo os nossos dias. A fugir do essencial, por desconhecimento ou medo. Não quer dizer que esteja errado ou que não se possa passar por cá assim, por vezes é mesmo necessário, mas a fuga à verdade e ao que interessa a tempo inteiro é coisa saturante e desinspiradora.
Esta invejável determinação e coragem que o Governo tem conseguido transformar milhões de portugueses em pobres, há quem lhes chame, os novos pobres, pelo que o nosso índice de felicidade tem vindo a subir sustentada e estruturalmente.
Alguns ingratos, irrealistas, mal agradecidos, ignorantes ou mesmo mal intencionados entendem que que não eram necessárias tantas Actividades de Empobrecimento Familiar. Não passam de vozes de burro que, evidentemente, não chegam ao céu. Como o Primeiro-ministro hoje afirmou, as pessoas "simples" entendem o seu empobrecimento, é assim o seu destino.
Como se sabe, o céu está guardado para os bem aventurados pobres.


(O Vingador (beato?!) de Boliqueime  demitiu os consultores que assinaram o "manifesto dos 70".

E assim se cumpre Portugal!...


"Pela manhã, Senhor, escuta a minha voz.
Mal o Sol nasce, exponho diante de ti o meu pedido
e fico à espera, confiante."

[Salmo 5,4]

terça-feira, 11 de março de 2014

Os mais perigosos dos nossos preconceitos imperam em nós próprios contra nós próprios.(coisas de integridade)...


"Integridade vem do latim integritate, significa a qualidade de alguém ou algo ser íntegro, de conduta recta, pessoa de honra, ética, educada, brioso, pundonoroso , cuja natureza de acção nos dá uma imagem de inocência (...) o que é íntegro é justo e perfeito, é puro de alma e de espírito.

A integridade é a característica que mais prezo em quem me rodeia. Faz-me tolerar outros defeitos porque alguém que tenha, por exemplo, mau feitio, mas cuja palavra valha ouro e seja leal merece sempre a minha estima.
 A integridade implica, por vezes, colocar a honra acima dos afetos; não ser cúmplice de comportamentos menos dignificantes ou injustos; não engolir sapos dolorosos, por muito que a alternativa seja pior, em nome de nos olharmos ao espelho pela manhã, de consciência limpa. Há princípios que não se vendem nem se trocam: nem por fama, nem por dinheiro, nem por amor, nem por alegria, nem para deixar de sofrer, ou para sofrer um bocadinho menos. 
 Ser íntegro pode custar amizades, amores, benefícios, vantagens. 
E tem uma característica aborrecida: vem de berço, absorve-se de pequenino e ganhá-la em adulto - ou querer livrar-se dela depois de a ter aprendido - é muito difícil. Com tantas qualidades fora de moda a sobrar por aí, a mim logo tinha de me calhar a integridade - e a mania de exigir integridade aos outros. Sorte macaca.

sábado, 8 de março de 2014

"Há cidades cor de pérola onde as mulheres existem velozmente"... (Herberto Helder).


Mulher de enfrentar o porvir, de gesto firme e terno, cabelo ao vento , olhos fascinados pela dúvida, corpo envolvido no sonho, alma misteriosa e sedutora, coração transbordando de amor!!!
De coisas feias já basta o que basta.

 De Herberto Helder:

Há cidades cor de pérola onde as mulheres
existem velozmente. Onde
às vezes param e são morosas
por dentro. Há cidades absolutas
trabalhadas interiormente pelo pensamento

das mulheres.
Lugares límpidos e depois nocturnos,
vistos ao alto como um fogo antigo,
ou como um fogo juvenil.
Vistos fixamente abaixados nas águas
celestes.
Há lugares de um esplendor virgem,
com mulheres puras cujas mãos
estremecem. Mulheres que imaginam
num supremo silêncio, elevando-se
sobre as pancadas da minha arte interior.
.
Há cidades esquecidas pelas semanas fora.
Emoções onde vivo sem orelhas
nem dedos. Onde
uma paixão bárbara, um amor
Zona
que se refere aos meus dons desconhecidos.
Há fervorosas e leves cidades sob os arcos
pensadores. Para que algumas mulheres
sejam cândidas. Para que alguém
bata em mim no alto da noite e me diga
o terror de semanas desaparecidas.
Eu durmo no ar dessas cidades femininas
cujos espinhos e sangues me inspiram
o fundo da vida.
Nelas queimo o mês que me pertence.
Olho minha loucura, escada
sobre escada.
.
Mulheres que eu amo com um des-
espero fulminante, a quem beijo os pés
supostos entre pensamento e movimento.
Cujo nome belo e sufocante digo com terror,
com alegria. Em quem toco levemente
levementea boca brutal.
Há mulheres que colocam cidades doces
e formidáveis no espaço, dentro
de ténues pérolas.
Que racham a luz de alto a baixo
e criam uma insondável ilusão.
.
Dentro da minha idade, desde
a treva, de crime em crime – espero
a felicidade de loucas delicadas
mulheres.
Uma cidade voltada para dentro
do génio, aberta como uma boca
em cima do som.
Com estrelas secas.
Parada.
.
Subo as mulheres aos degraus
Seus pedregulhos perante Deus.
É a vida futura tocando o sangue
de um amargo delírio.
Olho de cima a beleza genial
das suas cabeças
ardentes: - E as altas cidades desenvolvem-se
no meu pensamento quente.

.
.
(poesia toda)

sexta-feira, 7 de março de 2014

O garrote à volta do pescoço das pessoas e a falta de "dinamite" para acabar com tanta desumanização!!!....

O garrote à volta do nosso pescoço começa a ser intolerável (tantos os atentados à dignidade e à vida a que assistimos), sinto necessidade de recuperar um pouco da minha serenidade, de voltar ao essencial, aos sorrisos, às crianças (mesmo que alguns venham com um murro no estômago).
A dor que sinto quando ouço que quase meio milhão de desempregados vivem sem qualquer subsídio (vivem como? e não me refiro apenas à angústia material mas, também, ao drama pessoal, à anulação da dignidade).
A dor que sinto quanto ouço que este ano foram retirados mais 50.000 crianças perderam o abono de família.
A dor que sinto quanto ouço que agora este bando de bandidos querem tornar legais os despedimentos ilegais
A dor que sinto quando vejo como a alarvidade alastrou de forma larvar sobre uma sociedade de gente boa, pacífica, tolerante, que tudo aceita sem um ai...
Em tudo na vida é preciso um basta, pum, basta; se as águas estagnaram e não se vê evolução ser zen, ficar tranquilamente à espera que os "tubarões" acabem o que estão a fazer, não resolve nada. Há que meter um bom terror aos "tubarões", por assim dizer...

Como pode uma ave, nascida para a alegria ficar numa gaiola e cantar?...

quinta-feira, 6 de março de 2014

Atualidade dura lá de fora e a amarga realidade cá de dentro...

Não gosto de Putin, daquilo que ele abriga, da sua conceção de democracia. Para ele, a democracia é um formalismo para inglês ver, compatível com todos os desmandos, com todos os truques que acabam por levar à prisão ou à morte os que (jornalistas, empresários, artistas, políticos) não ecoam as suas virtudes de czar ...
Não gostava do anterior governo da Ucrânia, da forma como mantinha o poder pela rédea, à custa da manipulação do judiciário e do penitenciário para manter longe a oposição; não gostava da sua subserviência a Moscovo, da sua corrupção em segunda mão.
Não gosto de perseguições "étnicas", não gosto de invasões de países soberanos.
Em suma, não gosto de nada do que se passa para aqueles lados.
Por cá , não gosto do troca-tintas-mor, Passos Láparo, aquele que se diz e desdiz com uma limpeza que até dá medo, um trauliteiro que fala como um vulgar arruaceiro (vulgar não; corrijo: um arruaceiro disfarçado de moralista)...