sábado, 30 de novembro de 2013

Atravessou-me o espírito de Natal, lembrei-me de ti, Aníbal!!!...


O Natal...
... é pre­ciso atravessá-lo e calha a todos no que ele tiver de bom e de mau. 
Começo por lembrar o Natal ao Presidente da República (este que tanto me incomoda)....
Que o Natal é quando um homem quiser e outro deixar. 
Que a boa estrela o guie, e que os anjinhos o protejam, e que a vaquinha e o burrinho sejam de novo admitidos, que só têm trabalhinho nesta época, coitadinhos. Que haja muito amor e carinho e quentinho no curral. Que tenha muitos cavacos para queimar na fogueirinha. Que pratique a caridadezinha - que há tanto pobrezinho, meu Deus!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Portugueses pagos a 2,06 euros à hora!...Despertar o ouvido, os olhos, o pensamento, a inteligência...

A verdade ganha bolor como todas as coisas, acredite em mim. Até a memória ganha bolor, o que vale é que temos a imaginação para clarear tudo...
Zumbem-me as mais doidas impressões sobre a vida e as pessoas:
Pedro, ganhaste pelo ódio, mas iremos derrotar-te pelo amor. Sabes como termina um livro chamado "O Perfume"?(eu sei)...
 Não somos pobres, não senhor. Aquelas pessoas que vivem na rua apenas o fazem, porque gostam do espírito selvagem da aventura, da liberdade de viver ao ar livre. As empresas fecham, porque as pessoas não querem trabalhar. As pessoas emigram, porque estão fartas deste clima soalheiro, desta comida, destas praias. Estas pessoas são egoístas, não te compreendem, não percebem o esforço que estás a fazer para nos salvar da riqueza. Tu próprio o disseste, "não me demito, se o fizer será o fim deste país". Todo o teu sacrifício é por amor. Por amor à pátria e aos Portugueses.

Transcrevo:
"O Governo belga aprovou hoje um plano de ação contra a utilização abusiva do mecanismo europeu de destacamento de trabalhadores estrangeiros, tendo o primeiro-ministro dado como exemplo «totalmente inaceitável» portugueses pagos a 2,06 euros à hora".
Que vergonha!!!

Os Estaleiros são só mais uma...este Governo conduz- nos à mais pura miséria.(há nevoeiros de onde não saem cavalos brancos nem convém!)



Se quer que lhe conte a história, sente-se aí e não desista, bem sei que se faz tarde e ainda nem comecei e isto é coisa para muita volta. Se acrescento? Oh, quantas vezes, e fique a saber que quem conta deixa sempre a memória para trás, porque a memória é um peso, está a ver? Não queira assim tanto a verdade, há nevoeiros de onde não saem cavalos brancos nem convém, mais vale ficar tudo num embaciamento duradouro... 

Para destruir este governo arranja sempre dinheiro, de facto. 30 milhões para despedir os trabalhadores dos Estaleiros, mas que não servem para adiantar trabalhos previstos. As negociatas deste Governo estão em marcha , os Estaleiros são só mais uma. Ou há uma insurreição nacional ou este Governo conduz- nos à mais pura miséria.
Tenho muitas dúvidas se o homem (e a mulher) nasce naturalmente bom, segundo a teoria de JJ Rousseau. Que a sociedade corrompe ou pode corromper não tenho dúvidas. Que uns são mais bafejados pela sorte desde que nasceram também não tenho dúvidas. Que uns não nasceram virados para a lua não tenho dúvidas. Agora que a natureza pura seja igualmente boa em todos e potenciadora de experiências positivas já me apresenta dúvidas. Mas o bem e o mal existem para lá dos limites impostos pelas dimensões exteriores. O mal existe lá dentro e daí a sua grande imprevisibilidade. Pode surgir de um desnorte, pode ser fruto de uma escolha mas pode haver uma natureza mais predisposta para o mal. A bondade pode ser construída, estimulada, é verdade, mas pode nunca instalar-se totalmente. Ou pode a maldade vir gravada de alguma forma desde que se viu a luz do dia. 



CADA PAÍS, cada um,  TEM OS BERLUSCONI(S) QUE MERECE!!!

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Relações perigosas com a verdade....cada um é p`ró que nasce!!!


Hoje, mais do que nunca, sinto a injustiça entranhada nos ossos. Brotam-me lágrimas silenciosas e, em cada uma delas, tento diluir este vulcão que me queima. 

Enfim,  cada um é p`ró que nasce e come do que gosta...

Eis como se relacionava com a Verdade: só saía com ela se estivesse muito bem vestida e maquilhada. Então, exibia-a a amigos para que lhe elogiassem a bela companhia e a inimigos para que o invejassem. Quando ela acordava zangada, doente ou ferida, metia-a de castigo num quarto escuro,  e aí a abandonava até ela ficar irreconhecível. Aproveitava a fraqueza dela para a chantagear: só podia ficar com ele se fosse sempre boazinha e se andasse rigorosamente a seu lado, pois ele não conseguia suportar a centelha incisiva do seu olhar, nem no rosto nem sequer na nuca.
Esta relação com a Verdade não era notada porque se havia generalizado como uma epidemia, atingindo povos inteiros, engodados pela ilusão e pela mentira, duas poderosas aliadas na conjura contra o corajoso e já proscrito Orfeu.

Uma consciência melancólica tingida pela nostalgia dos tempos ...

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Nega-te a parecer um artigo de série."A simplicidade é a suprema sofisticação."(Leonardo da Vinci)


Enervo-me comigo mesma quando deixo a vida inverter-me prioridades.

Há um momento marcante na vida, impossível de precisar, em que percebemos que já não esperamos, não dependemos da análise que outrem faz sobre nós... 

Vive o dia-a-dia com a profunda consciência de que de pouco precisas para viver.
Arranja um teto. Limpo, claro, de preferência banhado pelo sol. Mantém dentro apenas o estritamente necessário. Uma casa cheia de artefatos e geringonças de todo o tipo rouba-te vida porque te distrai. Deleita-te a percorrer-lhe o chão com os pés descalços no Verão, ou a ficar enrolado numa manta quente no Inverno, naquele cadeirão junto à janela, onde os cenários das histórias dos livros que lês se fundem com a paisagem que vês lá fora.
Afinal, tu, que és um ser único e irrepetível, por que hás-de querer parecer-te com uns milhares? Tem muito mais valor a tua individualidade e a tua capacidade criativa única do que a aceitação social de um padrão que, mais uma vez, serve, única e exclusivamente, para alguns enriquecerem à custa da tua ingénua e inútil vaidade.
Paulatinamente começa a tornar-te humano. Nega-te a parecer um artigo de série.


Incursões por Camilo ( A Bruxa de Monte Córdova)...este formidável espetáculo de aldabrões e vigaristas!!!...


Este governo de traidores decadentes e este presidente incapaz e cúmplice merecem o nosso asco e o banco dos réus (passe o eufemismo).
Uma decisão criativa. E isto sou eu que digo que fico feliz pela medida ter passado no Tribunal. Alguns governantes parecem baratas tontas, mas alguns juízes do TC não lhes ficam atrás.
Verniz, camada frágil que racha quando se lhes nega o favor ou a cumplicidade. Fica então a nu a sua verdadeira natureza: nas palavras de ódio e nos esgares descobrimos os trafulhas, os escravos, os cavalheiros 
de indústria, os aldrabões, os vigaristas, a canalha donde lhes vem o sangue. Formidável espetáculo.
E veio -me à memória:
A Bruxa do Monte Córdova - Camilo Castelo Branco.
Hoje em dia, em que a tarefa do leitor consiste em orientar-se numa floresta de estéticas caóticas, faz pouco sentido ler Camilo. Sobretudo em se tratando duma obra menor, das muitas que serviram ao autor para cumprir o honesto castigo de pagar o seu jantar com o suor do rosto.
Sobra, porém, qualquer ganho,  por ser útil mergulhar na longínqua vida do baixo século dezanove, e naquela sociedade ultramontana: nos morgadios que imolavam ao deus do património gerações de filhos segundos, condenados ao convento e à frustração das vidas; nos ódios que tomaram rédea solta naquela esquina da história, entre passado e futuro, entre o direito e o privilégio...


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Era uma vez..." Quando estaremos suficientemente explorados e pobres para que Passos Coelho e Paulo Portas se sintam saciados?


Todos os dias eu encontro dentro de mim a esperança e "sigo adelante" na missão que me propus e que amanhã, quando chegar o novo dia, o truque é seguir em frente. Siguiendo adelante, siempre...
A MINHA história, como em todas as outras, tem gente lá dentro. Cedo percebi que era mais fácil a minha mudança e não ficar do tamanho do país.
Que não devemos ser arrogantes porque a vida é uma aprendizagem e nunca sabemos tudo. Que devemos aceitar o imprevisto e tirar dele o melhor partido.  Que melhor do que não cair é saber levantar-se do chão, sacudir a poeira e seguir em frente. Nunca desistir!!!
Era uma vez uma mulher," gente", que ainda tem sonhos quando está acordada.
Que se indigna permanentemente...

 ...é a vida ( shiuuu, o destino está aqui, já passa).
Aos desempregados cortam o subsídio de desemprego, às crianças cortam o abono de família, aos doentes cortam as baixas, aos pensionistas cortam as pensões, a quem trabalha cortam os ordenados, aos jovens mandam-nos para fora do país. 


 Quando estaremos suficientemente explorados e pobres  para que Passos Coelho e Paulo Portas se sintam saciados?

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Cesto cheio de vontades!..Um País Contra... o Governo e o Presidente da República!


Sentia-se perdida há bastante tempo, quando encontrou um cesto cheio de vontades, num beco. Como eram pequenas e muito vivas, não teve coragem de as deixar abandonadas. Levou-as para casa, onde as criou pacientemente, alimentando-as com papas de sonhos e brincando com elas jogos educativos que as instruíam nas ciências básicas e nas artes das manhas do mundo...
O tempo passa e não se vê maneira de este pesadelo acabar já que Cavaco Silva parece que está congelado ou a brincar às estátuas. Vê o declínio e a desagregação do País e não age, caraças. Mas pode ser que não seja por muito mais tempo porque um crime destes contra um país não pode continuar impunemente por tempo indeterminado.
RESUMO:
Nenhum recado de morte
que sempre abala
tanto a família.
O mundo perplexo parou
e a vida
               oblíqua
preferiu continuar traindo
sem matar ninguém.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sinos a rebate de norte a Sul...não gosto do que estou a ver!!!

HOJE, assim que pus os pés no chão, estava preparada para escrever sobre um grande catálogo de assuntos que tenho andado a coligir, e que me causam alguma (senão mesmo muita) apreensão e perturbação. Tirei a medida às palavras que iria precisar e o que tinha para dizer não iria caber naquela meia dúzia de parágrafos curtos e concisos. Pensei então numa frase, também ela curta, que pudesse transmitir os meus lúgubres sentimentos e pressentimentos, e acabei por encontrá-la. Não sei ainda por quanto tempo vou usá-la, mas para já, serve perfeitamente. Resumindo: sempre que me confronto com o dia-a-dia, não gosto do que estou a ver...
... apelo a um levantamento???...

Mas, nisto, os levantamentos, devem estar coordenados, nada de desafinanços, nada de gente a remar cada um para seu lado. Não, nada disso. Sincronização é indispensável. Por isso, vamos mas é a ensaiar.
Levantamento que é levantamento (e fico-me por aqui no que a levantamentos se refere - que a língua portuguesa é muito traiçoeira), começa por um toque a rebate. Sinos, portanto. Mas, para que se ouçam os sinos a tocar, de norte a sul, de este a oeste, os sinos devem ser tocados em simultâneo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Santana Castilho...fala de Nuno Crato!!!...o caos ri, um riso de sátiro triunfante que ecoa nas ruas...

Uma manhã de frio sempre me pareceu um bom presságio. Como se o mundo se reordenasse e de novo deixasse para trás a casca morta do caos. Mas os sinais, os indícios matutinos que me acordavam pequenas esperanças ainda débeis, perderam o combate desigual contra o tempo. E o caos ri, um riso de sátiro triunfante que ecoa nas ruas.
"Saber, é saber que se sabe."
"A ascensão de Nuno Crato ao poder foi promovida por duas vias: o seu populismo discursivo, de que a desejada implosão do ministério foi paradigma, e a influência poderosa de grupos para quem a Educação é negócio. Chegou agora o momento em que o aforismo emblemático de César das Neves começa a colher prova no terreno das realidades: não há almoços grátis! O recentemente aprovado estatuto do ensino privado mostra ao que Crato veio e para quem trabalha. O seu actual direitismo, socialmente reacionário, está próximo, em radicalismo, do seu esquerdismo de outros tempos. O fenómeno explica-se, tão-só, por simples conversão de interesses e ambições aos sinais dos tempos. O resultado que se desenhou e ganha agora forma é o retorno a um sistema de ensino elitista, onde muitos serão excluídos.
1. Acabámos de viver o momento alienante da divulgação dos “rankings” dos resultados escolares em exames, sem que o país valorizasse os outros resultados, não mensuráveis por eles mas, eventualmente, bem mais relevantes. Ficámo-nos pela leitura simples dos dados absolutos e dispensámos a complexa que resultaria do cruzamento das variáveis subjacentes. Depreciámos, sem razão, as disciplinas que ficaram de fora dos “rankings”, por não estarem sujeitas a exames nacionais. Contentámo-nos com olhar para os pontos de chegada dos alunos, sem considerar aqueles de que partiram. O famigerado “Guião para a Reforma do Estado”, ao socorrer-se dos “rankings” para, sem pudor, incensar o ensino privado e apoucar o público, assumiu uma política deliberada de elitismo e de tudo para o privado e cada vez menos para o público. Cito dois exemplos de facciosismo, para que não me acusem de me ficar por generalidades: enquanto às escolas privadas está hoje outorgada total autonomia pedagógica e directiva, retirou-se às públicas a possibilidade de estabelecerem as suas ofertas formativas e impôs-se-lhes um modelo único de gestão, fortemente burocratizado e de um gigantismo desumanizante; enquanto o financiamento público às escolas privadas aumentou (são mais 2 milhões de euros que no ano passado, num total de 149,3 milhões e 19,4 para os futuros cheques-ensino), todos os programas de melhoria dos resultados escolares das escolas públicas foram extintos e o seu financiamento diminuiu. Em conclusão breve, os “rankings” chamam a atenção para as escolas mais elitistas e menorizam as escolas, eventualmente melhores, que acolhem e tentam ensinar os excluídos.
2. Não direi que o novo programa de Matemática A tenha sido concebido com a intenção perversa de apressar a passagem de muitos alunos do ensino regular para os eufemisticamente chamados percursos alternativos. Mas será esse o corolário previsível, considerando a complexidade inapropriada que lhe foi introduzida e a sua extensão. Se já eram detectados problemas de cumprimento no anterior, designadamente pelas dificuldades de passagem do básico para o secundário, o quadro ficará pior face a um programa que ignora o que a investigação didáctica internacional tem recomendado e é praticado pelos sistemas de ensino que melhores resultados obtêm nos estudos comparativos. Professores da disciplina, com quem procurei validar a opinião que formei, foram unânimes: trata-se de mais um retrocesso de décadas a teorias e processos há muito abandonados, que promoverá a aversão à disciplina e fará aumentar o número dos excluídos.
3. O Governo estabeleceu até ao fim de Dezembro o prazo para as universidades e politécnicos se pronunciarem sobre a reordenação da rede de ensino superior, de modo a que o próximo ano-lectivo a encontre pronta. Se, por um lado, a medida é necessária, por outro, uma imposição atabalhoada só pode gerar desastre. As fusões e os consórcios que o Governo deseja não se promovem sob imperativo temporal bruto. Na linha simplista e imediatamente utilitária que pontifica, pode prevalecer a lei da obediência à procura. Mas se desertificámos o interior, é natural que aí não a encontremos. Valeria a pena uma reflexão sobre processos de rentabilizar a capacidade formativa instalada e o forte investimento dos últimos anos em infraestruturas, no sentido de atrair jovens para as instituições do interior, designadamente estrangeiros, o que não seria difícil se considerarmos a enorme potencialidade da lusofonia. Abandonar parte do país e aceitar o determinismo da redução sem sequer equacionar a utopia da expansão é limitativo. As políticas de desertificação do país, prosseguidas com denodo pelo actual Governo, justificam o receio de que esta reforma da rede se resuma ao simples aumento das dificuldades para os poucos jovens que ainda resistem nas zonas do interior. A ser assim, os que não tiverem recursos para demandarem o litoral e os grandes centros urbanos serão excluídos.
4. Por tudo isto, não surpreende que o primeiro-ministro português, paroquial e subserviente ao estrangeiro, não tenha pestanejado quando, a seu lado, Durão Barroso pressionou explicitamente o Tribunal Constitucional com a expressão vulgar do “caldo entornado”. Um e outro, “pintarolas” em lugares de Estado, não percebem que qualquer cidadão de hoje se deve bater pela sua Constituição como os cidadãos do passado se batiam pelas muralhas do seu burgo. É o último reduto para não serem definitivamente excluídos."
( Santana Castilho- Professor do ensino superior), No Aventar.

Não sei sentir-me onde estou. É preciso fugir, é preciso fingir, é preciso fintar...


Não estamos felizes com o que nos está a acontecer, mas tem de ser. Temos de nos calar e sofrer, como os nossos pais, avós, bisavós. É a vida! É aguentar. Nada a fazer. Eles é que mandam.
Isto estaria tudo muito bem se se tratassem dos homens do café, cuja filosofia não vai além da estratégia de futebol.
Agora, meus senhores, gente que ganha prémios literários, gente que faz crítica, que pensa e escreve?! Que sabe e pode exprimir ideias?! Que vergonha sois para vós, para o mundo e quem vos trouxe a ele!
Morre gente de fome, de frio, de maleitas sabidas e coisas ignotas, ardem florestas, afogam-se cidades, nascem almas que hão-de fatalmente penar e, mesmo assim, existe quem se ria, quem tenha belos sonhos e ouse achar-se feliz.
Muito bem: dói e é pesado como um balão que quase explode dentro do "eu" que não se sabe explicar, mas é imperioso que exista esse território de fantasia, para sobrevivermos à medonha realidade, a real, aquela que às vezes roça por nós e fede, enquanto pedevintecêntimosparaumasopaenãoestouamentirsenhora. Uma tristeza, andar por aí de olhos abertos e coração a sangrar. É preciso fugir, é preciso fingir, é preciso fintar...

Continuamente me estranho.
Não sei sentir-me onde estou.

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

É chegado o tempo de esmagar os agentes do poder como se fossem escaravelhos do cocó e de implantar o Quinto Império.

Uma cova funda e mal cheia de gente nascida perfeitinha, que se vê cega e manca. Lamentam-se uns aos outros, gemendo como ciganos pedintes, "uma esmolinha", invetivando quem os mantém na miséria. Assim passam os anos, entre o ai e o palavrão. Não pensam sair da cova. Nem se encavalitam. É proibido espreitar os perigos que devem existir do lado de fora. Eis Portugal.
 É chegado o tempo de esmagar os agentes do poder como se fossem escaravelhos do cocó e de implantar o Quinto Império. 
É certo que sonhamos esse sonho, um dia qualquer, ou talvez dois ou três, mas já sabemos que não é possível mudar o mundo. Não dá. A natureza humana é demasiado imperfeita; é instável e incorrigível. As pessoas não sabem o que querem e esquecem-se rapidamente dos compromissos que estabelecem consigo e com os outros. Não temos resistência para lutar contra marés tão fortes. Não vale a pena o esforço, por ser inglório. Tanto faz agir, como não: nada se altera. Não temos esse poder. Nem os mártires, coitados, que acabam sempre mal, e por isso é que são mártires. Já levamos tanta porrada que nos passaram as ilusões, mas todos os dias nos levantamos preparados para salvar o mundo, a partir do nada, como se não existisse passado, porque nesse gesto impensado repousa o nosso instinto e salvação.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A sorte é que o Natal está quase a bater à porta e o amor vai pairar no ar...

Primeiros dias de frio. Mal abri a janela do quarto hoje de manhã percebi que nada mais voltaria a ser como era dantes, pelo menos até ao próximo Verão. Eu sei, eu sei, logo a seguir ao Outono bate-nos à porta o Inverno e arrasta com ele a chuva, o vento, e o frio. Eu aguento-me. Contrariada, mas aguento-me. 
Vingo-me  nos cachecóis farfalhudos, nos casacos compridos, nas camisolas de lã, nos chapéus (sim, uso chapéus no inverno, se tenho frio e cabeça... pois) e nas botas. Bem me queria parecer que deveria existir uma razão muito forte e muito séria para gostar do Inverno. Existe todo um mundo de botas que nos aquece a alma, ou, os pezinhos...e, se não incomodar muito um livro !...

Dizem que o governo  nos está a lixar, e de que maneira!...
A sorte é que o Natal está quase a bater à porta e o amor vai pairar no ar. O amor e aquela coisa das wishlist e dos muitos must have. Será que não se conseguia arranjar por aí um Natal sem tantos must have e wishlists? Não. Bem me queria parecer que isto hoje é puro delírio.

E assim vai o mundo.  Os cães continuam a ladrar e nem sempre a caravana passa, embora possa parecer que sim. O sol nasce mais para uns do que para outros, com a agravante de que para outros nem sequer nasce uma vez por ano. O periquito continua amarelo, mas acho que aquilo não tarda vai passar a cor de burro quando foge. 

Notícias do abominável homem DAS NEVES ,«A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir».



Esquivas raposas, jogos de palavras...

«A maior parte dos pensionistas não são pobres e estão a fingir»
«Aumentar o salário mínimo é estragar a vida aos pobres»

Sentenças do pseudo economista João César das Neves, também conhecido por abominável homem DAS NEVES, proferidas na comunicação social, cumprindo nesta quinzena a sua missão de troglodita de serviço e “assessor” do ministro da solidariedade e segurança social. Entre as patacoadas que debitou, esqueceu-se de referir que estes pobres e pensionistas que na sua opinião não passam de fingidores - e passo a citar Raquel Varela - são os mesmos de um país – o nosso, Portugal – onde 870 pessoas têm rendimentos equivalentes a 45% do PIB, quase metade de tudo o que é produzido pelos trabalhadores ou os-que-vivem-do-salário.


É esta insensibilidade que temos que combater.

domingo, 17 de novembro de 2013

Olarila...descobertas. (Gente amedrontada!)


Descobri há pouco tempo o porquê dos mortos serem santos, numa descoberta que nem sei porque tanto tardou. Houve tempos em que considerei a compaixão pelo desaparecimento com a eventual consciência da falta, muito embora, confesse, não me parecia suficiente. É um dado adquirido, todos sabemos, a morte santifica as gentes. E eis que por portas travessas percebi porquê, alvíssaras, necessitava mesmo de um decreto que me regulamentasse com sentido a beatificação dos detestáveis: os mortos são santos porque partiram para o desconhecido. Deixaram de se movimentar em terreno visível, passaram a ocupar a mística celeste, certamente ganharam poderes. A inimizade visível pode ser detestável, mas a invisível torna-se assustadora, logo, muito mais perigosa. E nós preferimos viver sem sustos, claro, nem que seja a idolatrar solenemente quem outrora desdenhávamos. Olarila.

(Bem vistas as coisas, não há assim tanto morto santo, há é muita gente amedrontada. No fundo eu sabia, eu sabia que o perdão é limitado, que o além assusta sempre, e que gente é sempre gente.)




terça-feira, 12 de novembro de 2013

A escola privada é um logro!!!... " a falsidade do ranking das escolas"....

"A esperança tem asas. Faz a alma voar. Canta a melodia mesmo sem saber a letra. E nunca desiste. Nunca."
(Emily Dickinson)
Não vale a pena, no entanto, perder muito tempo com vigarices e encomendas produzidas para satisfazer os interesses de uns quantos trampolineiros à volta de uma gamela.
Mais importante é lembrar o que está a acontecer na Suécia, onde existe um modelo de concessão da gestão das escolas públicas a privados ( similar ao  proposto por  Paulo Portas, bichanado por Crato).
O modelo outrora apontado como exemplo a seguir  colapsou, porque assentava em pressupostos errados.
A atribuição dos montantes dos subsídios, em função do número de alunos, levou muitas escolas a inflacionarem as notas dos seus alunos, o que lhes permitia aparecer nos primeiros lugares do ranking, captar mais alunos e mais dinheiro dos contribuintes suecos.
Acontece, porém, que um dos maiores grupos privados a quem foi atribuída a gestão de escolas  públicas, abriu falência em Maio deixando mais de 10 mil alunos impossibilitados de prosseguir os estudos.
Se cito o exemplo sueco, é por ser do agrado de Crato, mas há muitos outros países ( a maioria na Europa Central e do Norte) que têm seguido o modelo de privatização das escolas públicas e estão, neste momento, a perceber o erro de terem permitido que a educação se transformasse num negócio para gananciosos. 
A escola priva(tiza)da é um logro. Não há provas de que seja melhor, nem que seja mais barata. A única prova que existe é que é segregadora e  tem enchido os bolsos de alguns gananciosos.
Apesar do falhanço absoluto, o governo insiste nesse modelo. Por teimosia? Por Fé? Ou apenas porque há no governo quem esteja interessado em partilhar os lucros?  .....

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Gostaria de dizer a verdade. ("Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas." ―Charles Chaplin).

Gostaria de dizer a verdade. 
Gosto da verdade. Mas ela não gosta de mim. 
A verdade é esta: a verdade não gosta de mim. 
Mal acabo de dizê-la, ela muda de rosto e volta-se contra mim. 
Tenho o ar de mentir e todos me olham de revés. 
E, no entanto, sou uma pessoa simples e não gosto da mentira. Juro. 
A mentira traz sempre complicações assustadoras. 
Prendem-se-nos os pés, tropeçamos, caímos e toda a gente se ri.
Quando me perguntam alguma coisa, quero responder o que penso.
Quero responder a verdade. Ardo no desejo de dizer a verdade.
Mas não sei o que se passa.
Sou tomado de angústia, de receio, de medo do ridículo, e minto. Minto.
Não há nada a fazer. Demasiado tarde para voltar atrás.
Depois de se começar a mentir, tem de se continuar.
E não é cómodo, juro. É tão fácil dizer a verdade. É um luxo de preguiçoso.
Tem-se a certeza de que não há, depois, enganos e aborrecimentos.
Os aborrecimentos são só no momento, depois tudo se arranja.
Enquanto que eu! O diabo intromete-se. A mentira não é uma vertente a pique.
São montanhas russas que nos transportam, nos deixam sem fôlego,
nos fazem parar o coração, nos põem um nó na garganta.

Se eu amo, digo que não amo e se não amo digo que amo.
Adivinha-se a continuação. Mais vale disparar um tiro de revólver
sobre si próprio e acabar com tudo. Não! É inútil eu tentar convencer-me,
pôr-me diante do espelho e repetir: não mentirás; não mentirás; não mentirás.
Eu minto. Minto. Minto. Minto por pequenas coisas e por coisas grandes.
E se me acontece dizer a verdade, uma vez por acaso...
Surpreendida, ela volta-se do avesso, enruga-se, encarquilha-se, faz troça,
torna-se mentira.
Os mais pequenos pormenores viram-se contra mim e provam que eu menti.
E... não é que eu seja cobarde... Sei sempre o que deveria responder
e imagino o que seria preciso fazer.
No momento, porém, fico paralisado e não consigo falar.
Chamam-me mentiroso e não respondo. Poderia responder: vocês mentem.
Mas não encontro a força necessária para isso.
Deixo-me insultar e rebento de raiva. E é esta raiva que se acumula,
que se amontoa em mim, que me enche de ódio.

Eu não sou mau. Sou até mesmo bom.
Mas basta que me chamem mentiroso para que o ódio me sufoque.
Embora admita que têm razão. Eu sei que têm razão,
que mereço o insulto. Mas é assim: eu não queria mentir
e não suporto que não compreendam que minto contra a minha vontade,
que é o diabo que me instiga. Hei-de mudar, é claro.
Penso que já mudei. Não voltarei a mentir.
Encontrarei um sistema para não mentir,
para não continuar a viver na assustadora desordem da mentira.
Dir-se-ia um quarto desarrumado, uma rede de arame farpado à noite,
corredores e corredores do sonho. Hei-de curar-me.
Hei-de libertar-me. E, de resto, posso dar já uma prova.
Aqui mesmo, em público, acuso-me dos meus crimes e exponho o meu vício.
Não, não. Tenho vergonha. Detesto as minhas mentiras
e iria até ao fim do mundo para não ser obrigado a fazer esta confissão.
E vocês, vocês dizem a verdade? Serão dignos de me ouvir?
Realmente, acuso-me e nem sequer verifiquei
se o tribunal estava em posição de me julgar, de me condenar, de me absolver.

Vocês mentem com certeza! Vocês mentem todos.
Mentem constantemente e gostam de mentir
e de acreditar que não mentem. Vocês mentem a si próprios.
Isso é que é grave. Porque eu não minto a mim próprio.
Eu tenho a franqueza de confessar que minto, que sou um mentiroso.
Mas vocês, vocês são uns cobardes. Escutam-me e pensam: coitado!
E aproveitam-se da minha franqueza para dissimular as vossas mentiras.
Apanhei-os! Sabem, minhas senhoras e meus senhores,
por que é que lhes disse que mentia, que gostava da mentira?
Não era verdade. Era somente para os atrair a uma armadilha
e para chegar a uma conclusão, para compreender.
Eu não minto. Eu nunca minto. Detesto a mentira e a mentira detesta-me.
Menti apenas quando lhes disse que mentia.

Vejo agora os vossos rostos que se desfiguram.
Cada um gostaria de fugir do seu lugar e receia ser interpelado por mim.

A senhora disse ao seu marido que tinha ido ontem à modista.
O senhor disse à sua mulher que jantava com uns amigos.
É falso. Falso. Falso. Ousem desmentir-me.
Ousem chamar-me mentiroso. Ninguém diz nada?
Perfeito. Eu sabia com o que contava. E fácil acusar os outros.
Fácil deixá-los mal colocados. Vocês dizem-me que minto e, afinal,
são vocês que mentem. É admirável. Eu nunca minto. Ouvem? Nunca.
E se me acontece mentir, é para prestar um serviço...
para evitar fazer sofrer... para evitar um drama. Mentiras piedosas.
E claro que é forçoso mentir. Mentir um pouco... de tempos a tempos.
O quê? Que diz? Ah! julgava... não... porque...
acharia estranho que me censurassem este género de mentira.
Seria engraçado, vindo de vocês.
De vocês, que mentem, a mim, que nunca minto.

Vejam, por exemplo, no outro dia — não, vocês não acreditariam.
De resto, a mentira... a mentira... é uma coisa magnífica.
Digam lá, imaginar um mundo irreal e fazer acreditar nele — mentir!
É certo que a verdade tem o seu peso e consegue espantar-me. A verdade.
As duas equivalem-se. Talvez a mentira lhe ganhe...
embora eu nunca minta. O quê? Se já menti? Claro que sim.
Menti quando lhes disse que mentia.
Menti quando lhes disse que mentia ou quando lhes disse que não minto?
Mentiroso, eu? No fundo, já não sei. Sinto-me confuso.
Que tempo o nosso! Serei um mentiroso?
Pergunto-lhes. Sou antes uma mentira.
Uma mentira que diz sempre a verdade.

(jean cocteau)
o filho do ar

Cada tarde tiene sus colores, su verso, su cadencia...

Não se comemorará nem o São Martinho, nem o Primeiro de Dezembro, pelas razões conhecidas!!!...

Esta é a poesia inexplicável da vida!!!.....
No primeiro caso porque, embora não rareie castanha para aviar à gentalha irrevogável e outra que anda por esse mundo fora a vender a imagem de um povo rendido e submisso, falta já a força para as por ao lume até porque a navalha de golpeio é, cada vez mais, um chanfalho. Também a água-pé rareia, tal como o graveto para a jeropiga. 
No segundo caso já nem é preciso fundamentar...

 Formamos jovens para servirem outras nações e vamos a caminho de reinstaurar a prática do boné na mão e da cabeça baixa perante um exército internacional anónimo de prestamistas  esbulhadores.
Seja como for, aqui ficam os votos de bom São Martinho. 
Não deixem que o quente das castanhas vos queime a língua e, se não conseguirem a água-pé proibida pelos burocratas da Europa Central, afinfem-lhe com um Côtes du Rhône que é para isso que servem as verbas comunitárias para a lavoura. 




"Os grandes erram sempre ao brincar com os seus inferiores. A brincadeira é um jogo, e um jogo pressupõe igualdade."
(Honoré de Balzac)

domingo, 10 de novembro de 2013

Memória ...Álvaro Cunhal, único, ímpar de coragem , lucidez e dignidade!!!

A blogosfera é um mundo vastíssimo de pontos de vista. Utilizo-a como meio de expressão e de leitura, em diversos domínios. Sou eclética, eventualmente por natureza e vocação. Perco-me em meandros políticos ( não muito), deito um olho à moda, como qualquer mulher que se preze, aprecio os informativos e noticiosos, mas são os blogues reflexivos e profundamente pessoais que me prendem realmente.

APETECIA-ME FALAR NOS TONTOS, NOS BONS ALUNOS DA EUROPA, NO NUNO CRATO ....

Mas no dia do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, não poderia deixar de o evocar.
Ficará para sempre na nossa memória aquele que foi um dos mais ilustres portugueses do século XX. A sua história confunde-se com a nossa História. Pela sua perseverança, coragem, dignidade e lucidez, foi um Homem ímpar antes e depois de Abril. Precisávamos de um grupo de Homens que amassem Portugal e por ele estivessem dispostos a lutar, com coragem, coerência e espírito patriótico de Cunhal.
Infelizmente, já não há Homens assim.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Pasmem-se!!!... Pedro Lomba, o papagaio invertebrado , preocupado com os índices de felicidade dos trabalhadores portugueses...

 A revolta é um sentimento muito forte.  Devastador, mesmo!!!

Preocupado com os índices de felicidade dos trabalhadores portugueses, e 
apostado em transferir o paraíso para este protetorado lusitano, o Governo - essa aberração em estado de ressaca permanente , e pela voz dos seus cabotinos de serviço, vai passando a excelsa mensagem de mais esta refinada filhaputice, contemplada no OE para 2014: meio tempo de trabalho e meio salário corresponde à felicidade relativa; sem trabalho e sem salário é o expoente máximo da felicidade absoluta. E tudo isto, como se pode ver, a bem do apoio à maternidade e à paternidade, bem como das famílias com necessidades especiais, serviços básicos, educação, formação, habitação, urbanismo e transportes. Um mimo!
Brindemos , pois!!!


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tudo se vê, quando se quer (e pode) ver... mas havendo outras maneiras de olhar...


Nesta ilha de náufragos e jangadas imperfeitas...

... o futuro virá atrás de um punho cerrado, se cerrarmos os punhos.
O futuro virá atrás de um murro de revolta se não for desarmadilhado, ou de um ruidoso murro dado numa mesa, por algum Sebastião iluminado, populista, que gritará "Basta!"
Estaremos ainda a tempo de o evitar?
O futuro, longe de ser uma pomba, parece ser uma bomba. Uma bomba nuclear, demográfica, ambiental, económica, social...São essas as ameaças que pairam sobre as nossas cabeças e que se têm acumulado. O futuro já vai explodindo por aí, por esse mundo fora e por aqui, por Portugal. 

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Crato é um mãos largas para o privado... Aqui a reportagem da TVI(a não perder).É altura ainda de dizer que não!!!

Ninguém pode acusar este governo de poupar na educação. Bem pelo contrário. Crato  corta na escola pública, mas é um mãos largas para as privadas a quem apaparica com generosos subsídios. Na educação, o governo bate o pé à troika. Os troikanos mandaram cortar nos subsídios às escolas privadas? Isso é que era bom! Crato reforça-lhes os subsídios, definha as escolas públicas que moram mesmo ao lado e a tropa fandanga vai empochando, enquanto espera pelo cheque ensino que lhes permita uma zona de (ainda maior) conforto.
Por estes dias repousa,  algures no gabinete de Cavaco, um diploma que Crato fez aprovar em conselho de ministros: o estatuto do ensino particular e cooperativo. O mais provável é que o paralítico de Belém o aprove sem pestanejar e de seguida venha pedir consenso.
Mas como é possível falar em consenso quando a pouca vergonha está desbragadamente instalada no ministério da educação, como se pode ver nesta excelente reportagem da TVI ( a não perder!)

E a altura ainda é a de dizer que não, que não o queremos. Se é verdade que o mundo não espera por nós, também é verdade que ele não espera de nós que agora digamos sim.
Dizer que sim é compromisso e os compromissos exigem voz alta, 
testemunho, negociação, tolerância e pessoas de bem.



Entardecer, pura trivialidade, meros desabafos...

Convenhamos, o que é grande custa e dá trabalho. Dá trabalho crescer, caímos no chão diversas vezes porque a cabeça pesa demais e o corpo de menos, e nessa altura ainda nem sabemos o peso interno que ela vai ter um dia mais tarde (muito mais tarde, num tarde que tarda mas que quando chega veio depressa demais; e depois já não recuamos). Dá trabalho escolher os amigos que mais gostamos e penar pelos que queríamos sem que esses nos estejam ao alcance, não lhes apetece, não estão para aí virados, haverá gente rejeitada por nós exatamente com o mesmo tipo de sentimento (faz parte, ninguém avança sem rejeição).  Dá trabalho escolher a única profissão que se gosta e deixar para trás todas as que não se gosta. Dá trabalho e dói ser mãe, no corpo e na alma, porque a verdade é que esquecemos a prioridade do nosso Eu para construirmos uma outra paralela, muito mais pura, muito mais merecedora, muito mais plena, muito mais vida ( e quem quiser desmentir esta, por favor arranje um bom argumento). 
Custa a perfeição...Ah! palavra forte e inatingível!!!
 Todos sabemos, claro, fracas palavras, pura trivialidade, meros desabafos. De resto, nunca ninguém me disse que a vida era fácil. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A EDP alcançou nos primeiros nove meses deste ano um resultado líquido de 792 milhões de euros. Qual o rombo que causa nas suas contas, cortando a luz nos bairros sociais, gente que vive no limiar da sobrevivência???...


Gente que não tem como pagar a electricidade, nos bairros sociais do Porto (e noutros bairros), desvia a electricidade para as suas pobres habitações. Não sei qual o rombo que isso causa nas contas da EDP mas admito que seja uma gota de água.
Mas para os chineses que pagam o ordenado a António Mexia todas as gotas contam e, sem aviso, cortaram a electricidade a numerosas famílias nos bairros sociais do Porto. Lagarteiro, Contumil. A zona da Campanhã sob ataque cerrado. Outros se vão seguir. E não apenas no Porto.
Rui Moreira queixa-se que a Câmara não foi avisada. Para quê? Os chineses que pagam o ordenado a Mexia e a Catroga não são especialmente conhecidos por respeitarem os direitos humanos - quanto mais etiquetas.
A EDP não é uma instituição de caridade e admito que não possa, de olhos fechados, permitir situações abusivas. Mas há o lado humano das empresas. Pode, em conjunto com as instituições públicas que têm por obrigação representar e defender as pessoas, estudar-se uma forma digna de resolver os problemas sem atentar contra o direito à sobrevivência e ao respeito que toda a gente deve merecer, ricos ou pobres.
A EDP alcançou nos primeiros nove meses deste ano um resultado líquido de 792 milhões de euros.
Em Portugal há cada vez mais pessoas que vivem sem rendimentos.
(Não sei como vivem.)
Ou que vivem no limiar da sobrevivência, com o subsídio de inserção ou com outros trocos. Não sei como se alimentam, como se vestem, como conseguem mandar os filhos à escola ou tratar dos velhos. Se calhar pagam quase nada de renda ou também não pagam. Não sei..
Não têm dinheiro para pagar a luz. Fazem puxadas ilegais ou não pagam. Não têm como.
Nisto há sempre exceções e não vale a pena vir alguém dizer que há quem não pague, podendo fazê-lo. São exceções e as medidas não se fazem para as exceções.


les quitaron tanto...tanto que acabaron quitandoles el medo ( O POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO (Alexandre O'Neill)


"O POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO (Alexandre O'Neill)
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias...
e o luxo blindado
de alguns automóveis

Vai ter olhos onde ninguém os veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo

(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
*
O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos."

(Alexandre O'Neill )

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O ex-nosso Alvarito andou a ser mentiroso todos os dias, sempre a dizer o contrário do que pensava, pelos vistos!!!

Canso-me do politicamente correto descuro a norma e agarro o grito...
Não me assusto que não meto medo, sou mais fiel à nobreza da vida .


Na conferência "Portugal em Exame", Álvaro Santos Pereira
(o ex-Álvaro, o vira-casacas, o faz o que eu digo, não faças o que eu faço),
  defende que a dívida deve ser reescalonada para 40 ou 50 anos, que a prioridade deve ser baixar a carga fiscal, que a austeridade cega, ano após ano, pode levar a ditaduras na Europa e sei lá que mais. Ou seja, passou-se outra vez para a oposição. Uma coisa estranha, isto, desvirtuam-se ao aproximar-se do Coelho . Já aconteceu a outros! Tudo culpa das más influências do Coelho.
Ou será que é o Coelho ou o Poiares Maduro  que se enfrascam e enfrascam os outros todos, tudo o que é ministro, como António Lobo Antunes antecipa? Andarão todos sempre com os copos? Bolas, isso também não acredito, isso já seria demais. Mas parece. Lá isso parece. Mas acho que devem padecer de alguma enfermidade cujos sintomas são os mesmos que na embriaguez. Cá para mim é capaz de ser isso. Não sei. Nem o Louçã nos seus belos tempos na Assembleia da República, nem a Heloísa Apolónia, foram alguma vez tão longe no ataque cerrado à governação do Coelho Passado. Pelos vistos, enquanto esteve no Governo, o ex-nosso Alvarito andou a ser mentiroso todos os dias, sempre a dizer o contrário do que pensava.