quinta-feira, 18 de junho de 2015

Parabéns a uma Escritora maior______Hélia Correia!!!

Hélia Correia - uma mulher completa, feita de palavras e de amor à liberdade e à língua portuguesa.
Admiro-a muito, admiro a forma acutilante e firme quando se insurge contra as injustiças ou os atentados à liberdade e ao respeito pela dignidade humana .
Que bem atribuído lhe foi o prémio Camões, que orgulho sinto por ela.

"A escritora Hélia Correia foi galardoada com o Prémio Camões 2015. Autora de obra vasta e polifacetada, entre a dramaturgia, romance, poesia e literatura para crianças, este Prémio veio realçar a excelsa qualidade da sua obra. Já em 2013 havia conquistado o Prémio Correntes d’Escrita 2013, com a sua obra de poesia A Terceira Miséria (2012), em 2015 o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2015, pela obra 20 Degraus e Outros Contos (2014)."


"É preciso que as pessoas saiam de casa, que se unam.
 O corpo faz falta"

Este é um texto pujante, arrepiante. É “um texto de amor pela Grécia e de aflição por nós todos”. É um texto sobre “um dos mais difíceis momentos da História, porque não há um inimigo visível e somos todos culpados”. É um texto na primeira pessoa, de Hélia Correia, mas escrito pela jornalista Christiana Martins em 2013 após uma conversa com a escritora que acaba de ser distinguida com o Prémio Camões. E este é um texto que não pode perder .
(Expresso, 17 de Junho de 2015)
 (Adão Cruz)

  A palavra à querida Hélia Correia :

"Sim, falamos de sombras. Vendo bem,
Incendiámos tudo: Alexandria
E os sábios, as mulheres. Incendiámos
O grande coração. Temos aos ombros
O apetrecho dos destruidores,
Não a pólvora, não: essa arrogância
Pela qual o ocidente se perdeu."
(in A Terceira Miséria, Relógio d'Água)

terça-feira, 16 de junho de 2015

Sobre as redes sociais_________

Fragilidades...

 As redes sociais são a maior montra atual para os egos individuais. E obviamente que admito que faço parte - de alguma forma - desse desfile egotista que ao mesmo tempo se quer partilhar com os de quem nós gostamos. No meu caso, gosto de pensar que o meu grupo de  amigos são pessoas de bem, com quem desenvolvo ou já desenvolvi uma relação de alguma espécie, agora ou lá mais para trás na linha do tempo. Embora pessoalmente faça nesta rede social muito mais do que exibir fotos minhas que saíram bem (no meio de tantas que não saíram) - pois reflito, opino, resmungo ou aprecio de forma muito constante  E, já agora, há egos enormes, emproados, do género que nunca falham e tudo sabem, que são muito discretos nas redes sociais, com fotos discretíssimas ou inexistentes. Ou que nem têm conta nestas paradas sociais da atualidade. O caráter de alguém não pode ser julgado apenas por aquilo que posta ou não nos murais do Facebook. A postura pode ser criticável, há coisas de que gostamos de postar ou ver postadas e outras não, mas uma coisa é certa: entre as tontas exibições do ego e as malévolas intenções dos dissimulados, fico-me mesmo pelas primeiras.
A ouvir:


"Le Buffet", "Les chercheuses de poux" et "Ma bohême", 3 poèmes de Rimbaud sur des...
YOUTUBE.COM

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Dia Mundial da criança!!!

Dia lnternacional da criança???????

Atrás dos muros altos com garrafas partidas
bem para trás das grades do silêncio imposto
as crianças de olhos de espanto e de medo transidas
as crianças vendidas alugadas perseguidas
olham os poetas com lágrimas no rosto.
Olham os poetas as crianças das vielas
mas não pedem cançonetas mas não pedem baladas
o que elas pedem é que gritemos por elas
as crianças sem livros sem ternura sem janelas
as crianças dos versos que são como pedradas.
Sidónio Muralha, "As crianças sem ano internacional"

(É um livro de 1963, mas mudou tão pouco.....)

(Sebastião Salgado)
"Portugal é dos países da OCDE com maior número de crianças pobres. Estima-se que um quarto viva o flagelo da pobreza infantil e exclusão social, situação que se agrava nas famílias monoparentais.
As crianças são as grandes vítimas das políticas de austeridade do Governo PSD-CDS/PP que colocaram o país no topo das desigualdades sociais na União Europeia. As famílias a braços com o aumento colossal do desemprego e da precariedade laboral, com a redução dos salários e com os cortes cegos na protecção social, viram o sua qualidade de vida sofrer uma profunda degradação com consequências dramáticas nas crianças."
Fotografias dos anos 8o ...Pouco mais há a dizer!



(imagens de Alfredo Cunha)

No fim do verão as crianças voltam, 
correm no molhe, correm no vento.
Tive medo que não voltassem.
Porque as crianças às vezes não
regressam. Não se sabe porquê 
mas também elas
morrem.
Elas, frutos solares:
laranjas romãs
dióspiros. Sumarentas
no outono. A que vive dentro de mim
também voltou; continua a correr
nos meus dias. Sinto os seus olhos
rirem; seus olhos
pequenos brilhar como pregos
cromados. Sinto os seus dedos
cantar com a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.
(Eugénio de Andrade )