quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Nos 100 anos do nascimento de Vergílio Ferreira...


O gesto da criação sou eu que o executo e ninguém mais por mim. 
(Vergílio Ferreira )

"Céu baixo, grosso, cinzento
e uma luz vaga pelo ar
chama-me ao gosto de estar
reduzido ao fermento
do que em mim a levedar
é este estranho tormento
de me estar tudo a contento,
em todo o meu pensamento
ser pensar a dormitar.

Mas que há para lá do sonhar? "

(Vergílio Ferreira )

Em 1954 foi publicado pela primeira vez o conhecido romance Manhã Submersa de Vergílio Ferreira. A obra vegetou durante quase vinte anos até que se tornou bastante conhecida após o 25 de Abril de 1974. Para isso contribuíram três fatores fundamentais: a consideração e fama do autor, o filme realizado por Lauro António e o aproveitamento político da obra como um ataque à Igreja e à educação nos seminários.



"Sentia que o amor era uma luta e que eu, amarrado de preto, não poderia lutar. A bruscos golpes de cólera, eu erguia-me às vezes sobre o meu desalento. E atirado nela, como numa vergasta, parecia-me que era só abrir a mão para colher o meu sonho de liberdade. Mas o meu esforço esgotava-se antes do fim. Então eu recaía para o meu cansaço e sentava-me à beira da estrada a dizer adeus à vida com o olhar."



Filme baseado na obra de Vergílio Ferreira
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Segundo Eduardo Lourenço, neste livro, o autor procura evidenciar de forma original os aspetos humanos do abandono, medo, inocência, pureza, "infância perdida", enfim, tudo o que um jovem solitário pode sentir diante de um mundo opressor.






































(Sou dada a comemorações literárias, e não é possível ignorar  o autor de "Manhã submersa")