Com o cair da noite, o horizonte abre-se num brilho melancólico. E assim é a vida: um caminhar de um momento de redenção para outro. E talvez eu tenha de procurar muitas vezes a minha redenção num bom pedaço de prosa, numa escultura, numa música, numa pintura, na singularidade da ... ARTE - que é meio caminho para fazer a travessia por este mundo com um mínimo de sanidade.
"... Saúdo todos os que me lerem, Tirando-lhes o chapéu largo Quando me vêem à minha porta Mal a diligência levanta no cimo do outeiro. Saúdo-os e desejo-lhes sol, E chuva, quando a chuva é precisa, E que as suas casas tenham Ao pé duma janela aberta Uma cadeira predileta Onde se sentem, lendo os meus versos. E ao lerem os meus versos pensem Que sou qualquer coisa natural — Por exemplo, a árvore antiga À sombra da qual quando crianças Se sentavam com um baque, cansados de brincar, E limpavam o suor da testa quente Com a manga do bibe riscado. ..." (Alberto Caeiro)
"(...) A arte já não é capaz de conter a necessidade de absoluto. (...). Só no passado a arte está próxima do absoluto e só no Museu continua a ter valor e poder. Ou então, desgraça mais grave, acabamos por reduzi-la a simples prazer estético ou auxiliar da cultura. Tudo isso é bem conhecido. É um futuro já presente. No mundo da técnica, podemos continuar a enaltecer os escritores e a enriquecer os pintores, podemos prestar honras aos livros e enaltecer as bibliotecas; podemos reservar à arte um lugar porque é útil ou porque é inútil. (...) Aparentemente, a arte não é nada se não for soberana."
Boa sorte e não nos desiludam! Há comentários e análises para todos os gostos: esperançados, descrentes, invejosos, ressabiados, frustrados, contraditórios, incoerentes, animados, furiosos… Serão estes um bom presente de Natal???
Quase sem saber como, o Natal está à porta !...
"Não te mexas.
O futuro é perder o equilíbrio, cair até bater no fundo de uma insónia hora a hora interrompida para respirar à superfície da luz.
Não te mexas, ainda.
Não hesites, não assustes o sonho pousado em teia sobre ti, não agites as águas. E talvez a vida se deixe ficar à margem com os seus dias armados de pedras.
(Inês Dias)
Faça-se o presépio:
Basta dar uma auréola a cada uma das figuras, embrulhar o Menino Jesus numa manta e fazer um narizinho bonitinho. E os pequenitos ficam encantados. Pois, que a Nossa Senhora é bonita, é uma figura feminina, o Menino é criança como eles e enfim...o imaginário da arte fala mais alto. Mas é estranho - apesar de alguma ênfase que tem regressado nos últimos anos- que o Menino Jesus, o aniversariante, ande tão esquecido no meio da equação. Nada contra o bondoso S.Nicolau, transformado em Pai Natal criado pela Coca Cola (dizem...). Mas o Menino Jesus é o dono da festa. Ponto. Na terra onde nasci , não se falava em Pai Natal. O presente no sapatinho era invariavelmente obra do Menino Jesus.
Mário Cesariny de Vasconcelos ( 9 de Agosto de 1923 26 de Novembro de 2006) foi poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português. Para não me perder no rodopio da banalidade quotidiana___ relembro hoje Cesariny. Há tantas coisas esquecidas a estalar debaixo dos pés. É talvez por isso que escrevo, que relembro, que partilho... Para abrandar a vida que perturba, que estraga e faz barulho. "Haverá gente com nomes que lhes caiam bem. Não assim eu. [...] Como assim Mário como assim Cesariny como assim ó meu deus/ de Vasconcelos? "Sou um homem/ um poeta/ uma máquina de passar vidro colorido". E também uma máquina de gerar confronto e polémica. Desejou uma "daquelas mortes boas, em que uma pessoa se deita para dormir e nunca mais acorda". A morte chegou, mas Cesariny estava destinado a vencê-la.
Deste poeta-pintor sempre se pôde esperar o inesperado.
Pastelaria
Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra
Mário Cesariny, in "Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano"
Eça de Queiroz______Nasceu na Póvoa do Varzim a 25 de Novembro de 1845.
Um dos nomes mais importantes da literatura portuguesa. Notabilizou-se pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, nomeadamente pelo realismo descritivo e pela crítica social constantes nos seus romances.
______A importância do vestir honesto, segundo Eça de Queiroz______
"De resto, pelo que tinha visto, as mulheres em Lisboa cada dia se vestiam pior! Era atroz! Não dizia por ela; até aquele vestido tinha chique, era simples, era honesto. Mas em geral era um horror. Em Paris! Que deliciosas, que frescas as toilettes daquele verão!" "in, O Primo Basílio"
Eça foi, como disse Jacinto Prado Coelho "mais analista social do que psicólogo (...) ironizou Portugal porque muito o amava e o queria melhor"
"As Farpas, Eça de Queiroz O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo."
É um livro essencial para compreendermos este nosso país e para nos apercebermos da falta de originalidade que nos persegue desde o séc. XIX, uma vez que as críticas ferozes que Eça e Ortigão fazem nesta obra, mantêm-se, agravam-se, perpetuam-se...
A arte é parte fundamental de uma sociedade de cidadãos livres, com sonhos e esperança.
Quando nuvens negras atormentam, toda a Europa e o meu país em especial.
Quando a tragédia espreita a vida, o vermelho de Egon Schiele ...
Schiele quis chocar? Quis chamar a atenção para problemas sociais? Foi obcecado por sexo? Muito provavelmente, um pouco dos três.
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã à névoa do outo dia.
Desde a quentura do ventre à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram. Corolas que se desdobram. Corpos que em sangue soçobram. Vidas qua amar se consagram.
Sob a cúpula sombria das mãos que pedem vingança. Sob o arco da aliança da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos à confusão da harmonia.
António Gedeão, "Poesias completas"
( Cavacabou-se _ fim da espera ) OBS: o desfecho cavacal deu-se no dia em que se comemora o 41º Aniversário da descoberta do fóssil Lucy (com 3,2 milhões de anos)...os australopitecos não têm. nenhuma culpa, verdade!
Deixem lá ver se eu percebo: o governo de António Costa não dá garantias a Cavaco mas... o de Passos dava?
ANTES QUE DIGAM QUE AQUELA COISA QUE DÁ PELO NOME DE "P. R. " VAI OUVIR AS FLORES DO CAMINHO, AQUI ESTÃO ELAS À PORTA PARA SEREM ESCUTADAS. A um morto nada se nega. A seguir já pode ir de burro.
Um Santo dos nossos tempos disse que devemos dar graças quando nos tiram do sério, porque tudo isso contribui para a nossa purificação e aperfeiçoamento. Será?
"Assim como lavamos o corpo, deveríamos lavar o destino, mudar de vida, como mudamos de roupa - não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio." (Bernardo Soares)
À estrada, à estrada !, ainda não nos livrámos do laranjal.
A lesma do SR: Aníbal Cavaco "anda a encanar a perna à rã" , há 49 dias!
Ouvi dizer que o tempo que gastou, não foi propriamente a auscultar pareceres, mas sim a fazer diligências e a desenvolver contactos para a criação de um governo de iniciativa presidencial. Se assim foi, Sua Impertinência excedeu-se e optou por entrar nos domínios da ilegalidade constitucional.
Lavando a alma do lado cruel da Humanidade
José Gomes Ferreira, Por que é que este sonho absurdo...
Por que é que este sonho absurdo a que chamam realidade não me obedece como os outros que trago na cabeça?
Eis a grande raiva! Misturem-na com rosas e chamem-lhe vida.
dar-se entregar-se o querer no outro transformar-se
cegueira esplêndida esta vitória álacre e suma desgraça.
Allen Jones, Dancers
Qual será a preocupação desta sociedade que tanto banaliza? Acho que chegamos a um nível de exagero preocupante... O que é que Portugal tem, para além de um demente em Belém?
Tem sofrimento puro e duro, preocupante.Tem redes sociais que são um livro aberto da vida e da alfabetização. Nelas poderemos encontrar histórias completas feitas em fotografia, tal e qual um romance . A diferença essencial é que um romance contado a palavras escritas, com muitas páginas, vírgulas e pontos finais, transmitido em arte literária, ganha contornos de obra prima, cultura e sabedoria.
Oh!, verdadeiras causas que a história lembrará.
Troco: - Jornais antigos com notícias de dias melhores - Flores secas de pétalas sonolentas - Livros lidos que subiram ao coração - Tardes de domingo com cheiro a pinheiros bravos - Flauta que só toca vogais Aceito: Bicicleta em bom estado, que me faça pedalar com alegria, ver as coisas em perspectiva e, sobretudo, me faça continuar a acreditar que é bom viver neste mundo, apesar de tudo o que nós humanos fazemos uns aos outros.
A conclusão já não surpreende: Portugal é dos países da zona euro com o salário médio mais baixo, ocupando o 12º lugar entre quinze países analisados.
24.SAPO.PT|DE ECONOMICO
A escravização do trabalho em Portugal prossegue de uma
forma imparável. Portugal no seu pior!!!
Ex.mo Sr. Presidente da República Portuguesa, Sr. Primeiro Ministro, afinal "O Pacto de Estabilidade", para a guerra pode não ser cumprido, para empobrecer um povo da União Europeia, tem de ser cumprido. Pois é Sr. Presidente continue a ouvir os senhores dos negócios, esqueça os portugueses que votaram para eleger os deputados. Aposte na divisão da esquerda, que ainda pode ter uma resposta à altura da sua arrogância e antipatriotismo.
De visita ao Líbano, onde foi conhecer as escolas para crianças sírias criadas pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados que receberão os fundos angariados na…
As suas palavras têm, cada vez mais sentido, por isso serão, cada vez mais nossas.
"O tempo das verdades plurais acabou. Vivemos no tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na mentira, todos os dias."
A propósito do aniversário de José Saramago veio-me à ideia o "Ensaio sobre a cegueira".
(...) "Há muitas formas de cegueira. Estamos a falar de cegueiras metafóricas e não de cegueiras reais. Uma forma de cegueira é não querer compreender, é levantar uma barreira para que as coisas de fora não nos venham agredir e há uma infinidade de formas de ser cego. Vamos imaginar que uma pessoa não é cega... e quando diz que não se quer chatear até parece alguém que está consciente do passado do mundo e, simplesmente, não quer que o mundo o aborreça. Essa pessoa não se dá conta que essa é a sua cegueira." (...) em, "Uma longa viagem com José Saramago"
... a propósito:
"Tomemos então nós , cidadãos comuns, a palavra e a iniciativa...Talvez o mundo possa começar a tornar-se melhor."
Declaração Universa
"Ensaio sobre a Cegueira" - «E se nós fossemos todos cegos?»
Em pouco mais de trezentas páginas, o “Ensaio sobre a cegueira” desmonta toda a organização social complexa que a humanidade demorou tanto tempo pra conquistar, o Estado de direito. Governos, instituições, relações familiares, garantias civis – tudo isso simplesmente desmorona conforme os seres humanos vão perdendo a visão.
É como se os seres humanos voltassem para o estado primitivo.
A primeira medida do governo, quando a epidemia começa a atingir algumas pessoas, é metê-las em quarentena dentro de um sanatório desativado. Lá não há funcionários de saúde, não há agentes do governo, a comida é deixada na porta por agentes do exército com roupas de proteção. Todas as medidas são tomadas para que aqueles cegos não contaminem mais ninguém.
Evidentemente, essa medida não resolve nada. Rapidamente a epidemia evolui fora da quarentena, até que não sobre mais ninguém com visão. Exceto uma única pessoa, uma mulher comum que inexplicavelmente continua a enxergar…
Julianne Moore, Mark Ruffallo, Alice Braga em gravação de “Ensaio sobre a cegueira” no centro de São Paulo.
E ela é a única que pode ver como as ruas vão sendo tomadas por milhares de pessoas cegas e perdidas, porque no momento em que ficam cegas, não conseguem mais achar o caminho de casa.
Ela assiste, angustiada, aos supermercados sendo saqueados por multidões famintas, porque logo a comida deixa de ser produzida nos campos (onde os trabalhadores rurais também ficaram cegos).
Ela vê como, em pouco tempo, as ruas se enchem lixo, excrementos, gente morta e outras imundícies – porque não há mais ninguém pra limpar.
“Ensaio sobre a cegueira” foi publicado em 1995 e é uma das obras mais lidas do José Saramago no Brasil, tão popular que ela até virou um filme com elenco internacional dirigido por Fernando Meirelles e gravado, em muitas cenas, em São Paulo.
José Saramago (1922 – 2010)
Apenas três anos depois, em 1998, Saramago se tornou prêmio Nobel de Literatura – até hoje o único escritor da língua portuguesa que recebeu a condecoração – e passou a ser festejado no mundo inteiro por seu estilo irônico e amargo, tão presente no “Ensaio sobre a cegueira”.
José Saramago foi um escritor alcançou a fama muito tarde, com quase sessenta anos. E foi realmente na terceira idade que ele mais produziu, uma obra vasta em que ele simplesmente inventou uma forma de narrar totalmente nova: outras regras de pontuação, narrador irônico, questionador, desconcertante.
Saramago contava, inclusive, que teve a inspiração de “Ensaio sobre a cegueira” por acaso, num restaurante, quando ele se perguntou: e se nós fôssemos todos cegos? Ao que ele respondeu imediatamente: mas nós JÁ SOMOS todos cegos.
É exatamente esta revelação terrível que ele quer provar: com ou sem a visão, vendo tudo branco ou vendo todas as cores, pouco importa – a verdadeira cegueira da humanidade é a incapacidade de enxergar as coisas que estão embaixo do nosso nariz.
É aceitar explicações fáceis e baratas sobre o mundo, que na verdade é muito complexo. A cegueira do Saramago é uma síntese do egoísmo, da intolerância, do fanatismo, do comodismo, da competição selvagem e da indiferença tão comuns na sociedade moderna.
“Ensaio sobre a cegueira” é um soco no nosso estômago. É a maneira mais forte e radical que existe de entender aquele ditado que diz que “pior cego é aquele que não quer ver”.
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” - epígrafe da obra
As formas várias de olhar, as formas de ver, o que se observa e o que se repara.
Intuir, absorver informação, interpretar e desenvolver a capacidade de interagir com o mundo que nos rodeia.
Esta obra, é, se assim se pode dizer, uma grande "porrada", naquilo a que se chama a consciência humana. Encerra em si, e abre, ao mesmo tempo, para o mundo, uma explanação sobre a evolução do ser humano.
A cegueira que se espalha numa manifestação de epidemia galopante, coloca várias questões apresentadas em patamares diferentes. Podemos observar a questão da precariedade pessoal, quando confrontados com uma deficiência ou diminuição das capacidades individuais; a questão da solidariedade da população, nos seus diferentes planos ou relações. o "eu e o tu", o "eu e o nós", o "nós e os outros"; a intervenção das instituições que garantem e governam as sociedades perante o caos.
Todos estes níveis de observação, foram colocados dentro de uma enorme metáfora, esquematizados de forma densamente pragmática, tendo em conta, aquilo que é a evolução do ser humano e a sua histórica incapacidade de evoluir em humanidade, num contexto global, que se pretende evoluído e (utopicamente) geradora de todas as condições e princípios básicos com que se deve reger a humanidade.
Esta epidemia, a "cegueira branca", talvez a maior limitação que o ser humano possa sofrer, aqui enquadrada num contexto de massas, de população afectada, fará descer a "unidade", o conjunto de afectados pela mesma doença, ao seu próprio inferno - a falta de dignidade na perspectiva individual potenciada pelo caos do grupo.
Saramago, recorre a este "castigo", para demonstrar que a lucidez de espírito dos que vêm, está afectada pela incapacidade do homem gerar e criar valores, como a humanidade, a urbanidade, a bondade, e que, adormecidos sobre o seu próprio egoísmo, perante uma brutal calamidade são obrigados a descer ao nível mais baixo da sua dignidade.
Neste patamar, onde os homens são equivalentes a todo e a qualquer animal, que sobrevive pelo instinto mais básico e primitivo, surge em contraponto com o caos, a imagem da esperança - a imagem do "cão das lágrimas" que lambe o sofrimento da "mulher do médico" e lhe transmite algum conforto.
Quem deverá ler esta obra?
Qual o público leitor alvo?
Homens e mulheres, que conseguem olhar para as atrocidades do mundo, como que, se de um reality show tratasse.
Cuidado... a cegueira... vive e sobrevive, neste pasto, neste caldo de humanidade...
(...) "Há muitas formas de cegueira. Estamos a falar de cegueiras metafóricas e não de cegueiras reais. Uma forma de cegueira é não querer compreender, é levantar uma barreira para que as coisas de fora não nos venham agredir e há uma infinidade de formas de ser cego. Vamos imaginar que uma pessoa não é cega... e quando diz que não se quer chatear até parece alguém que está consciente do passado do mundo e, simplesmente, não quer que o mundo o aborreça. Essa pessoa não se dá conta que essa é a sua cegueira." (...)
em, "Uma longa viagem com José Saramago"
Choca-me _____ Os verdadeiros terroristas já estão connosco há muito tempo .Quem nos protege desta gente senão a possibilidade última de reflexão? O proclamado "Califa do Iraque",chefe máximo do EI, é muito difícil de encontrar? "Caminha devagar e liberta o peito, deixa subir as metáforas, as melodias sangram, o som é eterno, ó vozes triunfais e que acordais o mundo!"
Alimentam-nos, armam-nos, criam guetos onde fanáticos recrutam com facilidade, tudo em nome do deus dinheiro. Quando o monstro cresce sem controlo, querem passar por cima de tudo, mantendo obscuros interesses nas suas caves putrefatas e encenam mediáticos espetáculos para iludir vícios privados. O EI não é o Islão, representa apenas um grupo de extremistas loucos e fascistas que aterrorizam o mundo islâmico e o Ocidente. Como prova disso temos os milhões de refugiados que fogem deles, em desespero. É o EI que tem que ser exterminado como um cancro, pois tem a inteligência estratégica para se infiltrar em todo o lado e granjear apoio, se os deixarem atuar. Não tem nada a ver com religião. A religião é instrumentalizada para atingirem os seus fins e nada os trava porque o que os guia é a sede de poder.
Vive la France! Vivam todos os povos ultrajados do mundo! Morte à morte!
"(...) Toda a gente tem o seu método de interpretar a seu favor o balanço das suas impressões, para que daí resulte de algum modo aquele mínimo de prazer necessário às suas existências quotidianas, o suficiente em tempos de normalidade. O prazer da vida de cada um pode ser também constituído por desprazer, essas diferenças de ordem material não têm importância; sabemos que existem tantos melancólicos felizes como marchas fúnebres, que pairam tão suavemente no elemento que lhes é próprio como uma dança no seu. Talvez também se possa afirmar, ao contrário, que muitas pessoas alegres de modo nenhum são mais felizes do que as tristes, porque a felicidade é tão cansativa como a infelicidade; mais ou menos como voar, segundo o princípio do mais leve ou mais pesado do que o ar. Mas haveria ainda uma outra objecção: não terá razão aquela velha sabedoria dos ricos segundo a qual os pobres não têm nada a invejar-lhes, já que é pura fantasia a ideia de que o seu dinheiro os torna mais felizes? Isso só lhes imporia a obrigação de encontrar um sistema de vida diferente do seu, cujo orçamento, em termos de prazer, fecharia apenas com um mínimo excedente de felicidade, que eles, assim como assim, já têm. (...)" Robert Musil in "O Homem Sem Qualidades I"
Nos meus cadernos da escola
Na minha carteira nas árvores
Sobre a areia e sobre a neve
Escrevo o teu nome
Em todas as páginas lidas
Em todas as páginas em branco
Pedra sangue papel ou cinza
Escrevo o teu nome
Na selva e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
Na memória da minha infância
Escrevo o teu nome
Em cada raio da aurora
Sobre o mar e sobre os barcos
Na montanha enlouquecida
Escrevo o teu nome
Na saúde recuperada
No perigo desaparecido
Na esperança sem lembranças
Escrevo o teu nome
E pelo poder de uma palavra
a minha vida recomeça
Eu renasci para conhecer-te
Para dizer o teu nome
Liberdade
(Excerto do poema Liberdade, Paul Éluard (traduzido Jorge de Sena, dito por Gérard Philippe)
PARIS SERA TOUJOURS PARIS!!!
(As televisões continuam a falar de Paris, em permanência, inútil e disparatadamente (mais do que os canais franceses). Mas calma: mais logo, passarão diretamente para o futebol)