domingo, 30 de junho de 2013

A falta de memória e a recusa de se verem ao espelho....A música de Pi de la Serra!!!


Sofreu, perdeu, sente-se traído, mas o seu ódio não vai para o desgoverno, a corrupção, os podres da justiça, ou a falta de moral. O rancor que o afoga causam-no "esses pelintras que nada tinham, esses badamecos que nem a cara lavavam e agora comem de faca e garfo!"
Contorce o rosto numa gargalhada, aponta com o dedo a massa invisível. "Labregos, é que eles são, sempre foram, hão-de ficar! E os filhos com estudos, estudos? Julgam que saíram da lama? Nunca! É lá que pertencem."
Barafusta, grita, agita-se, descontrolado, irracional... 
É isso que a ele e muitos salva: a falta de memória e a recusa de se verem ao espelho.

Música , memória e intemporal, Pi de la Serra...

A música, como forma artística e de expressão livre, sempre abordou temas controversos ou menos consensuais, desafiadores ou interventivos. 

Versió actualitzada de la famosa cancó de Quico Pi de la Serra "Si els fills de puta volessin no veuríem mai el sol",...

um opinion-maker à procura de opinion-takers. Miguel Sousa Tavares....e os seus romances. Nunca fará parte daquele punhado de "grandes escritores"...

A embirração de MST com os professores nem merecia uma reacção (ele serve-se das reacções que suscita para depois se vitimizar nos palcos mediáticos que tem ao seu dispor como o fez no Expresso deste sábado). É um opinion-maker à procura de opinion-takers.
Acerca dos romances que escreve, assim como os romances que escrevem outros jornalistas e pivots de telejornais deste nosso pequeno mundo, também eles muito críticos em relação aos professores, aplicam-se as palavras há muito escritas por Alexis de Tocqueville na sua Democracia na América:
…nas nações democráticas, um escritor pode gabar-se de obter sem dificuldade um renome medíocre e uma grande fortuna. Para isso, não é necessário que o admirem bastando tão-somente que o aprovem. A turba sempre crescente dos leitores e a sua necessidade contínua de novidades asseguram a venda de livros que de modo nenhum estimam. (…) As literaturas democráticas abundam sempre desses autores que não vêem nas letras mais que uma indústria, e, por um punhado de grandes escritores que aí se vislumbram, podem contar-se aos milhares os vendedores de ideias.
Alexis de Tocqueville, Democracia na América, Cap. III.

Eles estão longe, muito longe, de fazer parte daquele punhado de grandes escritores a que se refere Tocqueville. E como muito provavelmente não obtiveram a admiração que esperavam dos professores, não aprovam os professores.




sábado, 29 de junho de 2013

a noite do mundo...

O desprezo completo pelo  humano tornou-se a regra nestes Dias de lixo...
Deixem que a escuridão se instale completamente sobre  a terra e acenda  só então o candeeiro pequeno, para que de novo se encontre a noite do mundo...
Um puzzle de peças irregulares não encaixam umas nas outras.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

a intra sindical...e as marionetas...

'karma"
Como não podia deixar de ser, Arménio Carlos já veio demarcar a inter sindical do protesto "135 manifestantes que tentaram cortar o trânsito em direcção à ponte 25 de abril". Nada de novo.
Triste modo de agir, os anos passam e nada muda . Raios partam os comités centrais, mais as cartilhas de bem fazer ...
Se o Povo ousa pisar o risco surge de imediato "não é Nada  connosco ".
Também preferem marionetas.
Triste realidade!!!
Que desilusão constatar que os anos passam e ali Nada muda...


invisuais ou cegos ....

Há quem prefira chamar-lhes de cegos e palhaços a quem nunca  fez sorrir.
Cegos de cegueira total!
É disso que padecem os líderes europeus...não ouvem, não  cheiram, nem sentem aquilo que a sua cegueira não deixa ver .
Vai ser preciso repegar no machado..
Segredaram-me' diz aos teus compatriotas que é tempo de esmagar
Os agentes do poder e de implantar o quinto império, diz-hes que é a hora ".


terça-feira, 25 de junho de 2013

Cansada desta mentira...desta triste realidade!!!...

Sim, o calor é mau, é mesmo uma coisa péssima, mas a realidade ainda consegue ser pior que o calor. A realidade é uma coisa abominável, com péssimo feitio, sempre a resmungar, sempre descontente. Odeio a realidade. Nunca se satisfaz com a atenção que lhe damos por causa da nossa vidinha, de termos de comer, de andar vestidos, de ir aqui e ali, de comprar um livro ou de levar o carro à oficina. Quer mais, despudoradamente mais atenção. Entra-nos pela casa dentro,  mal desviamos os olhos, logo a realidade chama por nós, cai-nos em cima, ameaça esmagar-nos. Nestes últimos tempos, tenho tido uma dose excessiva de realidade, uma dose de tal maneira grande que estou a ficar enfartada. Tudo o que é interessante cai fora da realidade. Ao ver algo fora da realidade, o meu coração, como se estivesse vivo, começa logo a inclinar-se para aí. A cabra da realidade, porém, implacável e fria, rasga-me a ficção, destrói-me o enredo e, já meia despida, exige que olhe para ela. Ainda tento falar de impotência, mas ela vara-me com os olhos... Ao menos a realidade podia ir de férias para outro lado, para um exoplaneta habitável nos confins da galáxia. Uma pessoa não foi feita para tanta realidade. Estou cansada...
... não nos enganemos, a verdade é que o buraco em que as políticas cegas de radicalismo ideológico e discurso punitivo seguidos por este (des)governo de passarolas e gaspares é de tal forma enorme, descontrolado e critico para o futuro do país, que já não há uma alma que seja que dê a cara por ele.e E todas as politicas seguidas pelo eixo Schauble/ Gaspar, dizendo que "uns avisaram e reconheceram mais mais cedo, outros estão a reconhecer mais tarde" que este caminho é um desastre....
O resgate da credibilidade internacional não passa de um mito. É sabido que uma mentira muitas vezes repetida passa a verdade. Mas a máquina de propaganda do governo faz mais: mais do que uma simples verdade, faz da mentira muitas vezes repetidas um mito!
Cansada...

O Elogio da Dialéctica , nas palavras de Bertold Brecht...



A injustiça avança hoje a passo firme

Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.
                                         ( Bertold Brecht )



Até quando, senhores?...Washington retrata Portugal como um palco de decadência, desolação, abandono.

Estamos a caminhar para o momento em que o desespero de muitos se vai entregar no regaço da canalhice de alguns.
A história tem muito a ensinar, mas as pessoas não acreditam que possam aprender alguma coisa com ela. Há uma cegueira que nos leva, uma e outra vez, a cometer os mesmos erros.
Segundo o Washington , Portugal é um país triste, sem vitalidade, onde já não se nasce. Passos Coelho não muda de rumo. E, enquanto a desgraça continua, a Alemanha importa jovens formados em Portugal. Até quando, senhores? Até quando??!?!??!?!?!
Tanta campanha que o Moedas e o Gaspar e o Rato  e a Maria Luís dos Swaps e outros inteligentes têm andado a fazer pelos States e, afinal de contas, eis que  Washington  retrata Portugal como um palco de decadência, desolação, abandono .
Com um artigo destes, realista e desapaixonado, os mercados, os sacrossantos mercados, vão fugir a sete pés. Afinal aquilo do sucesso é tudo mentira?Afinal o ajustamento não passa de conversa da treta? Sem gente no país, só velhos e desempregados, como vão poder pagar o raio da dívida?, perguntarão enquanto se preparam para sacar de cá todo o dinheiro ou pedir juros ainda mais agiotas.
O Governo de Passos Coelho não governa para os portugueses, (e, muito menos, para os desempregados ou pensionistas). Governa apenas para os angolanos, para os chineses, para os brasileiros, e, talvez, sobretudo, para os alemães: para que possam vir cá comprar empresas baratas, em saldo, com custos a preço da uva mijona...


domingo, 23 de junho de 2013

"Órfãos da tempestade"...

"Vivemos uma orfandade política. Para onde quer que nos viremos, à esquerda e à direita, não há quem inspire, mobilize e seja capaz de representar os nossos anseios colectivos. A asserção é válida se pensarmos no Governo, nas oposições, no Presidente da República e nos parceiros sociais.
Esta crise de representatividade tem razões profundas e, claro, causas conjunturais. Por um lado, como se sabe, os partidos portugueses têm fraco enraizamento social (com excepção do PCP), foram criados de cima para baixo, a partir do Estado, e encontraram a sua fonte de legitimidade na melhoria das condições materiais associada à consolidação democrática e, não menos importante, à adesão europeia. Com a degradação económica, combinada com uma crise de expectativas, e com a desagregação do projecto europeu, os partidos são naturalmente arrastados pela derrocada. Por outro lado, estamos confrontados com uma ausência de narrativas consistentes, capazes de responder às novas circunstâncias e de articular interesses em torno de políticas concretas. À direita viveu-se a ilusão de que a "austeridade expansionista", desde que combinada com uma moralização da crise, seria um caminho virtuoso (que, como hoje sabemos, falhou rotundamente); e à esquerda (no PS) vive-se a ilusão de que um alívio marginal da austeridade, desde que acompanhado por um discurso mais humanista, fará uma grande diferença.
[...]
Precisamos de dar resposta aos desequilíbrios orçamentais e à desagregação económica e social, mas é uma ilusão pensar que tal é possível se continuarmos reféns do actual vazio político. Os terrenos baldios que hoje nos circundam são férteis para fazer medrar todas as demagogias: das que cavalgam a corrupção como causa de todos os males e fazem da transparência uma virtude às que apontam baterias aos ressentimentos sociais para depois enunciarem soluções que têm tanto de simplista como de mirífico e perigoso."

Pedro Adão e Silva "Órfãos da tempestade".



sábado, 22 de junho de 2013

o trailer de um filme. Portugal às cambalhotas!...

Não há estratégia sem sacrifícios. Temos de escolher onde queremos perder se quisermos ganhar noutro local. Ao escolheram perder os funcionários públicos e os velhos, querem ganhar os patrões e  que as swap e as PPP vivam e prosperem...
Toda a estratégia assenta na concentração. Quando Passos Coelho afirma que "os pensionistas não são a generalidade dos portugueses", ele sabe bem o que entende pela generalidade dos portugueses.
 Não se usam razões, valores ou emoções para combater uma estratégia que nos destrói. Usa-se a força.
Parvoíces umas trás de outras. É como lá irem fazer mais um Conselho de Ministros extraordinário (extraordinário?! tantas vezes o fazem que já me parece do mais ordinário que há) e, para cúmulo da parvoíce, parece que vão para Aljubarrota ou para a Batalha, nem sei bem - tenho ideia que resolveram ir poluir a História com a sua presença.
Portugal às cambalhotas, a rodar sobre si próprio, a ver se cheira o próprio rabo, é o que isto me parece.


A única forma criativa de nos revoltarmos que vamos inventando nestes dias é morrer ,de aviltamento, de desespero, de raiva, de susto, de ódio, de aflição, de impotência, de extorsão fiscal, bancária, sob o peso da crassa injustiça deste Regime e das suas consequências na nossa carne e nossos ossos... 
...já que  não temos Constituição (ninguém a respeita),  nem força, nem movimentos sociais que acabem com  "Este mundo de merda que está grávido de um outro".


sexta-feira, 21 de junho de 2013

Entretenham-se, filhos, entretenham-se!!!

Vi no google que é solstício de Verão.... O que sinto é um pesadelo sem fim. Uma idade das trevas . Está medonho. Entretenham-se filhos, entretenham-se com o pagamento dos subsídios em Novembro e com as covas do senil. Entretenham-se, filhos, entretenham-se. Mas, não liguem. Isto sou eu a alucinar. Alucinações de uma consciente tola que são as mais inofensivas. O futuro. Ou não há futuro? Mas, não. A malta das alternativas está entretida com os equilíbrios. Equilibro eu agora e amanhã equilibras tu. E eu ouço o porta-voz da revolução branca dizer que os políticos levar-nos-ão onde quiserem e, mesmo involuntariamente, estremeço. Gosto tanto dessas afirmações, como dos cartazes que mandam acabar com os partidos. E sei que têm toda a razão: estes gajos do programa e os alternativos dos equilíbrios levam-nos a cavalo para uma passagem de nível sem guarda, sem a sinalefa do pare, escute e olhe. E, num ápice, o comboio, sem avisar, vai passar-nos por cima.

OU não...Ora vejam : vamos ter uma nova forma de comunicar , por parte do governo(até parecem bons os gajos,  transparentes)...
... briefings diários com os jornalistas. Parecem inspirar-se na Casa Branca...
Com a falta de profissionalismo que o governo tem mostrado nas suas formas de comunicar, veremos no que vai dar o modelo e quem o vai aplicar.

Irra, entretenham-se filhos, entretenham-se!!!


"Viver é um rasgar-se e remendar-se." Um paraíso mundial para os humoristas...

O verão está longe de dar de si, caramba, virá lá para não sei quando? Os lenços, olhem, chegavam-me usualmente para que os ombros permanecessem alinhados e sem timidez de maior. Não deveria haver verão suficientemente afoito para me negar prazer igual, é pelo descuido da seda, é sempre pelo descuido da seda, que usualmente me embrulha nas tardes amenas e que me sabe a chocolate aveludado. Se bem me lembro, só se bem me lembro.
Não me custa nada admitir dois ou três defeitos. Vá lá, pronto, meia dúzia. Um deles, dou de barato, é a ingenuidade, a qual alguns dissabores já me tem dado. Pronto, nasci ingénua como Sancho Pança nasceu bronco, e assim hei-de morrer.
Eu às vezes leio livros mas não sei muito bem para quê. Não digo isto por achar que tenham na minha cabeça o mesmo efeito que tiveram na de Quixote: secar o cérebro. Ao contrário dos pés, sobretudo no Verão, não sinto o cérebro seco, pelo menos por enquanto. Nem seco nem molhado. É mais nublado... 

                                      
O eterno "amanhã" da visão política utópica transformou-se, por assim dizer, no amanhã, incerto, injusto, desigual, corrupto....                                                                                            
 Sonhar e utopizar é assim um bocadinho como os milagres...ficam as  chatices da experiência...Mas que chatices! E humores!!!...
 Lá cantava o Zeca Afonso: "Eles comem tudo e não deixam nada!" Este país arrisca-se a tornar o paraíso mundial para os humoristas.

No País das balbúrdias...Realidades insuportáveis!!!


Mais uma poia do académico Poiares.

Para tentar limpar a nódoa deixada pelo canudo de Miguel Relvas, Passos Coelho achou por bem convidar uma personalidade com canudos acima de qualquer suspeita. Foi assim que Poiares Maduro chegou ao governo e, para que não houvesse duvidas, começaram logo  a tratá-lo por "académico"...
A generosidade do currículo de Maduro parece areia demais para a camioneta de um governo a transbordar de incompetência, mas, apesar disso, esperava-se que a diferença com Relvas não se ficasse apenas pelo método como conseguiram os respectivos diplomas.
No entanto, lamentavelmente, as intervenções pouco maduras do Poiares parecem cada vez mais as partes gagas do Relvas.
Só falta ouvi-lo cantar a Grandola...

E esta abominável balbúrdia:
Perante uma lei escandalosamente inconstitucional, o presidente nem pestanejou: Promulgou-a em 24 horas.
Já ninguém tem dúvidas da cobertura política de Cavaco Silva às asneiras do governo. A dúvida é saber se as trapalhadas do governo são inspiradas por Cavaco.

O cherne especialista em tuga "esperto".....Livrem-nos também deste animal!!!...


"C'est son passé maoïste qui resurgit, persifle un haut fonctionnaire, cette méthode a tué la collégialité."
O Le Monde está imparável nos piropos a José Barroso que deixou de ser Durão (para os mais fortes europeus) assim que aterrou em Bruxelas a bordo do vôo das Lages que o catapultou da tanga portuguesa para o pote europeu.

Quem se mete com os franceses, leva, (lá se vai o seguinte mandato...) e Guterres que se ponha a pau se for verdade que está na calha da ONU porque o nosso cherne é especialista, entre outros truques para ganhar a cor dos galhos onde se pendura, em deitar a língua de fora para comer as moscas que, distraídas, vão a caminho do céu.
Como escreveu O’Neill (na adaptação afrancesada contemporânea):
Sigamos, pois, o cherneméléon, antes que venha,
já morto, boiar ao lume de água, (...)
 O que mais me chateia nisto, é que um dia destes o tipo volta para casa e a inteligência tuga, babada com o seu pedigree, ainda o instala em Belém.
Por amor da Santa, livrem-me deste animal ....

As palavras de Sophia (Portugal tão cansado de morrer)...

Quem cantará vosso regresso morto
Que lágrimas, que grito hão-de dizer
A desilusão e o peso em vosso corpo?

Portugal tão cansado de morrer
Ininterruptamente e devagar
Enquanto o vento vivo vem do mar

Quem são os vencedores desta agonia?
Quem os senhores sombrios desta noite?
Porque agoniza e morre e se desvia
A antiga linha clara e criadora
Do nosso rosto voltado para o dia?
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Cavaco Silva desautorizou o Presidente da República. Como chamar-lhe???...

Pedro Passos Coelho afirmou hoje, em Viena, que no próximo ano os subsídios de férias e de Natal serão pagos nos meses habituais. 
Para não variar, justificou com mais uma peta o método de pagamento utilizado este ano. Sem se rir, disse que foi culpa do TC! 
Ó sr Pedro, pensa que temos a memória curta e já não nos lembramos que a decisão de pagar o subsídio de  Natal em duodécimos aos funcionários públicos e reformados foi  incluída no OE 2013, antes de o TC o obrigar a devolver aquilo que lhes pretendia roubar?
Esteja onde estiver, a sua mãezinha deve ter vergonha de si. Ninguém gosta de saber que tem um filho aldrabão!
E que chamar ao inquilino de Belém?
Cavaco Silva promulgou uma lei que contraria a decisão que o Tribunal Constitucional tomou porque Cavaco Silva lho solicitou. Cavaco Silva desautorizou o Tribunal Constitucional promulgando uma lei que desobedece à decisão que o TC tomou na sequência da confirmação de uma dúvida que lhe foi colocada por Cavaco Silva. Cavaco Silva desautorizou o Presidente da República.  Cavaco é Cavaco. Um insulto em si mesmo. 

A rua do suplício....

Passo na rua do suplício que eu já tinha visto e que está lá há muito escrita numa tabuleta em pedra onde a inscrição se encontra desenhada em letras limpas, vá saber-se porque nunca a encarei de frente, e.... ainda o porquê de ter sido hoje, que  abrandei o passo rápido que me acompanha todos os dias. Soube  que a rua se chama suplício, nunca mais me vou esquecer.  E certamente irei cruzá-la vezes sem conta... Ela, conhece muita gente!!!...
Em criança pensava que o mundo era dos adultos, que haviam regras...Mas lá continua , a rua do suplício...
Até quando???
As épocas históricas podem por vezes como as pessoas, precisarem de médico, ...assim como esta rua.
O tempo da revolta é um tempo que anuncia a substituição da política e deste suplício sem regras!!!
Urgentemente!!!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Há perigos que são mesmo perigosos...A prepotência enjoa!!!

Há discursos perigosos, há mentes perigosas, há perigos que saem das palavras, que saem da cabeça, que desvirtuam a dignidade, que deturpam a verdade. Há discursos e mentes que perturbam a ordem, que instalam o caos, que se alimentam perigosamente da hipocrisia, da inverdade, do cinismo.
Acabei de ver várias notícias no telejornal e é cá e é um pouco por todo o mundo. E enquanto existirem estes discursos e estas mentes perigosas, não pode haver paz. Nos seus significados todos, nas suas formas todas. E não é só no telejornal, pode ser perto de nós, ou longe. Há perigos que são mesmo perigosos. E começam na mente e nas nas palavras. E acabam na desordem, interior e exterior. No medo. Tempos perigosos. Gente perigosa. E consequentemente, e pior, vidas em perigo. Virar alunos contra escolas e professores não é um caminho, nunca pode ser um caminho, e é importantíssimo que todos tenhamos consciência disso.

As razões da greve são conhecidas. A imoralidade incomoda. A prepotência enjoa. Afortunadamente ainda existem as fábulas. Importa lê-las bem num tempo assim.
(E já agora uma palmadinha muito especial nas costas da comunicação social. Continuam uns excelentes comparsas da confusão.)


Quais irão ser os discursos dos actores principais desta narrativa.


Miguel Poiares Maduro, Ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, veio dizer que o Governo até queria marcar novas datas para os exames, para que aqueles não fossem afectados pela greve dos professores, mas parece que as coisas não se passaram bem assim. Em política estes cavalheiros também são eufemisticamente conhecidos por "homens da limpeza". Recorrendo ao verbo fácil e a uma postura que transmite credibilidade, mas usando vários estratagemas, servem para salvar a honra, controlar os danos, ocultar e eliminar provas das falcatruas da governação.
Os professores precisam de si próprios, dos alunos e das famílias, não dos apoios ou das críticas que vêm das agendas políticas da partidocracia e que se estão verdadeiramente nas tintas para o "superior interesse dos alunos", incluindo dos que falam em nome deles.

domingo, 16 de junho de 2013

A choldra de que falava o Eça perdura.

"Cousas da ciência"...

 Derradeiro argumento de um perdedor...                                                                                                                          
 O economista-matemático que, durante anos, teve coluna num semanário a explicar ao povo as cousas da ciência mas que não conhece a Terceira Lei de Newton.
Este é o País onde se descobriu que uma greve dos professores prejudica os alunos.

Um dia também hão-de descobrir que uma greve dos médicos prejudica os doentes, que uma greve dos transportes prejudica os transportados, que uma dos canalizadores prejudica quem tem um cano para arranjar e por aí fora...

Hão-de também de descobrir que a greve do governo ao cumprimento das promessas eleitorais e à Constituição prejudica professores, alunos, médicos, doentes, motoristas, transportados, canalizadores e por aí fora...


Carta aos Homens Bons do Meu País.(nas palavras de Pedro Adão e Silva)...

"Podia continuar a enumerar exemplos de como Portugal, não sendo o país com que todos sonhámos, é hoje bem melhor do que há 30 anos. Foram cometidos erros, mas o alcance das transformações sociais dá-nos motivos de orgulho como comunidade. [...] Pelo desculpa pela desabafo mas não me conformo com a inercia das mulheres e dos homens bons do meu país perante a rápida destruição do que construímos. Podemos aceitar que a história não é uma caminhada imparável rumo ao progresso; sabemos também que os constrangimentos que enfrentamos nos colocam desafios difíceis de gerir; o que não devemos é tolerar com passividade que, através de uma combinação explosiva de incompetência e voracidade ideológica, se vá lançando as bases de um "Estado de excepção". A ligeireza com que o Governo tem afrontado a Constituição é aviltante. [...] A incompetência é uma marca igualmente distintiva. [..] Foi com incredulidade que vimos a queda do investimento ser justificada pela chuva. [...] Não podemos permitir que façam de nós o que lhes apetece, baseados em diatribes ideológicas sem qualquer sustentação com a realidade.
O problema está para lá da esquerda e direita. O que está em causa não é secundarizar diferenças ideológicas. É tão só resolver um problema anterior: devolver Portugal à razoabilidade. Para isso precisamos urgentemente de outro Governo e de outra coligação social. Tenho a certeza que há suficientes homens e mulheres bons no meu país para impedirem a continuação do desastre em curso. Ficamos a aguarda a vossa acção.

Pedro Adão e Silva, Carta aos Homens Bons do Meu País"


um poema... (nas palavras José Agustín Goytisolo).

Neste preciso instante
há um homem que sofre,
um homem torturado
somente por amar
a liberdade.
Ignoro 
onde vive, que língua
fala, de que cor
tem a pele, como
se chama, mas
neste preciso instante
quando teus olhos lêem
meu pequeno poema
esse homem grita, existe,
pode-se ouvir seu pranto
de animal acossado,
enquanto morde os lábios
para não denunciar
os amigos. Tu ouves?

Um homem sozinho
grita amarrado, existe
em algum sítio.
Eu disse só?
Não sentes, como eu,
toda a dor do seu corpo
repetida no teu?
O sangue não te corre
sob as pancadas cegas?

Ninguém está só. Hoje,
neste preciso instante,
também a ti e a mim
nos têm amarrados.

José Agustín Goytisolo (tradução de José Bento)

David Alfaro Siqueiros



sábado, 15 de junho de 2013

Tu! Sim, tu… não vires a cara fazendo de conta que não sabes que é contigo que estou a falar!


"Tu! Sim, tu… não vires a cara fazendo de conta que não sabes que é contigo que estou a falar! 
Pois, é mesmo contigo que estás a pensar ir trabalhar na tua escola para vigiar exames aos quais eu me recuso comparecer porque vou fazer greve! Já estás a prestar-me atenção? Então ouve! 

Se entrares no secretariado e assinares a folha de presenças nunca mais deves abrir a boca para te queixares que te dói a cabeça porque os trinta meninos não se calam e tu não consegues fazer render a aula de quarenta e cinco minutos! 
Não podes voltar a dizer que chegas a meio do ano e nem sequer sabes o nome de mais de metade dos teus alunos, porque eles são tantos! Tens que deixar de te lamuriar que passas os fins-de-semana a preparar aulas, a ler trabalhos, a preparar e corrigir testes, e que por essas razões nunca te deitas antes das duas da manhã! 
Aquela história de que mal vês os teus filhos e quase nunca tens tempo para dar um passeio com eles e com o teu cônjuge, que já te olha de lado, é isso mesmo, história, porque não terás mais forma de o dizer a ninguém! Nem sequer terás credibilidade para dizer que te preocupas muito com os teus alunos, aqueles que mal conheces e de quem não sabes sequer o nome! 
Vais ter que deixar de lado aquele semblante artisticamente carregado quando dizes ter muita pena daqueles coitados que eram contratados e que agora estão desempregados, e mesmo dos outros que encontras na caixa de uma superfície comercial, e de quem até dizias serem excelentes professores e bons profissionais, para além de muito dedicados! 
Quanto ao mês que sobra quando acaba o teu salário, esquece, poupaste 50 euros ao assinar a folha de presenças, lembras-te? Faz-lhes bom proveito! E aqueles desabafos quando te vês na obrigação de atender mais um encarregado de educação, mas tens que registar as faltas, escrever e imprimir algumas cartas para enviar a outros encarregados de educação que nunca se dignam ir à escola, a não ser para tirar satisfações contigo sobre tudo e sobre nada do que se passou com o seu educando mas nunca para te apoiar nas estratégias a desenvolver para melhorar o aproveitamento desse mesmo educando, preencher registos e avisos de recepção e até colar os selos nos envelopes… esquece! 
Para além disso lembra-te que um dia destes será a tua vez, porque vais envelhecer e tornar-te um empecilho para a escola que quer gente dinâmica e será dirigida por uns senhores que só querem resultados, custe o que custar, e por isso, mesmo tendo tu as articulações emperradas te enviarão para a mobilidade especial, o que teria piada se não fosse um caso sério! 
Lembra-te também que para tu teres turmas a mais com alunos a mais há muitos outros professores que não têm turmas nenhumas! 
E nunca te esqueças que a escolha foi tua… foste tu que assinaste a famigerada folha de presenças!"

Teatro do absurdo. Porque razão tarda a hora de mudança???..

Por ter passado da idade e gostar doutros entreténs, desculpa a todos, mas a televisão que vejo é pouca...
Fabriqueta de ilusões e pseudonotícias, passatempo dos solitários, deita-se-lhe um olhar e a atenção fugaz regista mais um crime, outro acidente com carros em frangalhos, o assalto ao idoso, o fogo, a inundação.
Repete-se ...
 o fogo continua a arder, o idoso a queixar-se, a inundação a subir. Nos minutos de futebol há um recolhimento de fiéis na igreja, que logo diminui à mostra dos políticos a debater no parlamento.

Para mim  aquilo é teatro, muito mau teatro, com gestos, carantonhas, remoques que num salão de festas poriam a assistência aos urros e às patadas.
Teatro do absurdo, mas por isso mesmo de excepção e valor, pois eles nos representam, neles delegámos. Sem interesse o que gritam, inconsequente o que barafustam, fingidas as raivas, roscofe as concordâncias e oposições, contudo é naquele triste espectáculo que nos deveríamos rever e interrogarmo-nos porque aceitamos ser assim, e porque razão tarda a hora de mudança???...




Saber viver é vender a alma ao diabo. (nas palavras de O'Neill).

Saber viver é vender a alma ao diabo
Gosto dos que não sabem viver,
dos que se esquecem de comer a sopa
((Allez-vous bientôt manger votre soupe,
s... b... de marchand de nuages?»)
e embarcam na primeira nuvem
para um reino sem pressa e sem dever.

Gosto dos que sonham enquanto o leite sobe,
transborda e escorre, já rio no chão,
e gosto de quem lhes segue o sonho
e lhes margina o rio com árvores de papel.

Gosto de Ofélia ao sabor da corrente.
Contigo é que me entendo,
piquena que te matas por amor
a cada novo e infeliz amor
e um dia morres mesmo
em «grande parva, que ele há tanto homem!»

(Dá Veloso-o-Frecheiro um grande grito?..)

Gosto do Napoleão-dos-Manicómios,
da Julieta-das-Trapeiras,
do Tenório-dos-Bairros
que passa fomeca mas não perde proa e parlapié...

Passarinheiros, também gosto de vocês!
Será isso viver, vender canários
que mais parecem sabonetes de limão,
vender fuliginosos passarocos implumes?

Não é viver.
É arte, lazeira, briol, poesia pura!

Não faço (quem é parvo?) a apologia do mendigo;
não me bandeio (que eu já vi esse filme...)
com gerações perdidas.

Mas senta aqui, mendigo:
vamos fazer um esparguete dos teus atacadores
e comê-lo como as pessoas educadas,
que não levantam o esparguete acima da cabeça
nem o chupam como você, seu irrecuperável!

E tu, derradeira geração perdida,
confia-me os teus sonhos de pureza
e cai de borco, que eu chamo-te ao meio-dia...

Por que não põem cifrões em vez de cruzes
nos túmulos desses rapazes desembarcados p'ra
[morrer?

Gosto deles assim, tão sem futuro,
enquanto se anunciam boas perspectivas
para o franco frrrrançais
e os politichiens si habiles, si rusés,
evitam mesmo a tempo a cornada fatal!

Les portugueux...
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio e
... sont toujours gueux,
mas gosto deles só porque não querem
apanhar as nozes...

Dize tu: - Já começou, porém, a racionalização do
[trabalho.
Direi eu: - Todavia o manguito será por muito tempo
o mais económico dos gestos!
....
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim...

Alexandre O´Neill


A dama de ferro à portuguesa que não sonhe seguir-lhe o exemplo. (Nem Passos é Thatcher, nem os professores são mineiros do carvão).


Sabemos que Thatcher quebrou a espinha aos sindicatos dos mineiros do carvão, depois de quase um ano de luta e de greve. Sabemos que Thatcher é um modelo para pequenos neoliberais provincianos como nosso primeiro-ministro (para além do provinciano ditador Salazar, outro modelo seu). Quererá ele mostrar músculo face aos professores, elegendo uma classe profissional para mostrar como se faz? Com a sua teimosia e irredutibilidade em não querer alterar a data de um exame para outro dia, como lhe sugeriu o colégio arbitral, parece querer manifestar uma posição de força face aos sindicatos e a um grupo profissional que os políticos dos partidos do "arco da governação" se habituaram a apoucar e desvalorizar socialmente, como se vê pelo trato que lhe dão quando governam e não pelas palavras mansas que lhe dirigem, quando estão na oposição.
Nem Passos é Thatcher, nem os professores são mineiros do carvão. Se ele se julga uma espécie de "dama de ferro" à portuguesa, ou se intenta querer seguir-lhe o exemplo, ou ainda, se sonha ser assim, está muito equivocado.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

Este é o tempo da acrobacia.

 Este é o tempo da acrobacia.
Não é apenas a greve dos professores que gera tanta acrobacia. Trata-se também, e fundamentalmente, de toda a grande manobra, mascarada sob um resgate financeiro, de transferência de muitos milhares de milhões de euros dos bolsos das classes médias e populares para as contas bancárias de algumas famílias, umas mais conhecidas outras mais discretas. A dívida soberana não é a razão dessa transferência. É a ocasião criada - meticulosamente criada - para que essa transferência se dê. Talvez todas as épocas da vida dos homens se assemelhem a esta. Talvez a nossa espécie seja mesmo assim. A verdade, porém, é que vivo nesta época e não noutra. E aquilo que eu vejo nestes dias indigna-me. 

Caminho na mó de baixo...

Outros há, de certeza, com afazeres diferentes e idades mais conformes ao optimismo, mas nos últimos dias, os que lá do alto nos espiam e regem, têm-se particularmente divertido, não a pôr-me doente, mas a deixar-me num cansaço em que todo o esforço parece demasia, toda a obrigação um pesadelo, cada ritual uma ladeira a subir.
Viro-me então para os deuses e pergunto: que raio têm eles que a nós, a mim e tantos milhões, foi negado? Rezam com mais fé? Queimam melhor incenso? Nasceram em signo ascendente?
Resumindo: vai para uma semana que, de corpo e espírito, ando na mó debaixo...
A impressão que tenho é de que, sentadas em confortáveis nuvens, as divindades se piscam o olho, assustam-me e, como se não bastasse, apontam-me, gozam a molestar-me com tanta fama à minha volta.



quarta-feira, 12 de junho de 2013

Maximilien Luce - Una calle de París en Mayo de 1871 - uma memória .

Este quadro de Maximilien Luce é uma memória.                                                                                                                                                                                                                
 Os acontecimentos retratados, ocorrerem entre 28 de Março e 28 de Maio de 1871. Uma memória forte. Deixemos as causas do acontecimento e fixemo-nos nas imagens. São as imagens que melhor nos falam e nos explicam a razão para construir sociedades equilibradas . Querem os dirigentes europeus voltar aos tempos em que as revoltas populares terminavam com mortos espalhados pelas ruas? Dir-se-á que estamos muito longe disso. Será que a Grécia, Portugal estarão assim tão longe? Há 20 anos, quem diria, no meio da esperança de então, que uma onda de profundo descontentamento popular varreria toda a Europa do sul? Se a Europa não mudar de rumo, preparemo-nos então para os dias de revolta e de terror, que se manifestam já aqui e ali. São imagens destas que os dirigentes europeus querem ver de novo nas ruas das nossas cidades?