domingo, 8 de novembro de 2015

A ti, que ainda sonhas com um livro colorido a brilhar nos dedos da realidade, desejo-te esperança.


Que tempos são estes em que é necessário defender o óbvio?
(bertolt brecht)



“(…) Poucos são os homens que se apercebem de que as suas vidas, a essência mais profunda das suas personalidades, as suas capacidades e os seus rasgos de audácia, são apenas a expressão duma crença na segurança do meio onde vivem. A coragem, o sangue-frio, a autoconfiança; as emoções e os princípios; as grandes ideias e as ideias sem préstimo pertencem não ao indivíduo mas à multidão: à multidão que acredita cegamente na força irresistível das suas instituições e dos seus costumes, no poder da sua polícia e da sua opinião. Mas o contacto com a selva e sem mediações, com a natureza primitiva e com o homem primitivo, traz uma perturbação profunda e repentina ao coração. Ao sentimento de estarmos sozinhos, sem outros iguais a nós à nossa volta, à percepção clara da solidão do nosso pensamento, das nossas sensações, à negação do habitual e que é seguro, vêm acrescentar-se a afirmação do não habitual, que é perigoso, a sugestão de coisas vagas, incontroláveis e repelentes, cuja intrusão desmoralizante excita a imaginação e mina do mesmo modo os nervos civilizados do tolo e do sábio.
(…)
O medo fica sempre. Um homem pode calar dentro de si o amor, o ódio, as crenças e mesmo a dúvida; mas enquanto se apegar à vida, não calará o medo: o medo subtil, indestrutível e terrível, que lhe invade o ser; que lhe cobre os pensamentos; que se oculta no seu coração; e que lhe espreita nos lábios o esforço do último suspiro. (…)”
(Joseph Conrad)


Entrevista de Sophia em 74 ( excerto evocado no programa A Força das coisas)
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