terça-feira, 22 de outubro de 2013

Memórias. (por cegueira não descortino, ou por medo prefiro ignorar)...


Memórias. Pouco importa donde vêm, como nascem, o que as traz ou significam. Chegam em turbilhão, imagens a desenlear um emaranhado de vivências sem lógica nem cronologia, mistura de retratos, histórias de um apresentador invisível, mensagens sussurradas por não sei quantas vozes estranhas, de longe a longe uma de tom familiar. 
Mas nada que me permita descobrir se é doença, estado segundo ou castigo.
Sonho não será, porque também as recebo acordada...
Talvez  uma forma de revelação de que não descortino o benefício, quiçá aviso que recebo, prenúncio de sofrimento, janela que me permite entrever o que receio confrontar: os precipícios que a existência oculta. Ou apenas imagens numa galeria de espelhos que por acaso  atravesso, fabulando entraves e carências .
Quem sabe se ajuste de contas a que, por remorso, inconscientemente me sujeito, ou a que sou forçada, pois a minha é vida de ardis e faltas, contradições, promessas vãs. Fujo dos outros, mais ainda de mim própria, sempre em dúvida, hesitando no caminho e na resposta, na decisão, avessa a certezas.
É também possível que, sem noção de que o ambiciono, me procure no semelhante, veja nele o que suspeito que eu poderia ser, ter sido, talvez seja, mas que por cegueira não descortino, ou por medo prefiro ignorar.
O que é que isto interessa? Nada!