Superficialidades....(quando o calor amolece o cérebro e os olhos param no trivial).
Para alguma coisa serve a modorra do Verão, quando o calor amolece o cérebro e os olhos param no trivial.
Ó Judite!
Ó Lorenzo!
Ó televisão!
Ó Dâmaso!
Ó país bacoco!
Ando a contar mortos. Não todos, alguns, como se tivesse chegado a hora de pôr a escrita em dia, rever momentos, ocasiões, ódios, questiúnculas. A altura de interrogar. Mesmo sabendo que é impossível descobrir o que então quiseram de mim, ou porque se atravessaram no caminho, o motivo da inimizade, das rasteiras, das armadilhas, da cortesia fingida, do falso carinho.
Digo nomes, vejo rostos.
Conto-os porque contaram, fizeram parte de mim, mas foram o que preferi não ser, deram os passos que recusei, em vez das ruas arejadas escolheram os becos e as vielas, a máscara, o esconso.
Surpreendo-me a recordá-los sem pesar, e vou-os arrumando, não como os viventes de carne e osso que foram, mas personagens da surpreendente ficção em que a vida se torna, aquela que nenhum escritor consegue escrever.