quarta-feira, 28 de maio de 2014

Senhoras e senhores, meninos e meninas: aprendam a falar de amor...

Algo se passa comigo, ando que não me aturo. Não sei porquê, tenho várias suspeitas ...
Palavras de amor. Eram dos poetas, dos apaixonados, dos adolescentes, das mães para os filhos, sussurravam-nas as solteironas aos gatos, as beatas diante do Crucificado; liam-se nos romances em que a doente se apaixonava pelo médico, ou a criada de dentro caía nos braços do fidalgo; ouviam-se nos fados, soletravam-nas as atrizes nos filmes a preto e branco. 
Hoje as palavras de amor continuam a ser dos poetas e dos namorados, das mães, das solteironas, das beatas, mas são-no também da publicidade...
Já havia inflação, até que uns dez anos atrás chegaram os blogues, os "faces-buques"! e com eles as palavras de amor tornaram-se enxurrada, com a qualidade das enxurradas.
Sinal dos tempos, da vulgarização, das modas, da tendência para nivelar pelo mais baixo, mais usual, compreensível mesmo para os fracos do espírito, abunda a chochice, a frase requentada...

... aquele "amo-te" tão desgastado pelo abuso que dá para parafrasear o "se fosses só três sílabas" de Alexandre O'Neill.