terça-feira, 27 de maio de 2014

Copy - paste( Boaventura Sousa Santos)...agradecer à corja, talvez!

"O pós-troika vem mostrar que esta condição vai durar mais tempo e que o objetivo que se pretendeu com a integração na União Europeia – tentar ver se Portugal saía do estatuto de país semiperiférico – não foi possível".

"a troika sai (mas) não há Europa da coesão social. Há uma Europa de concorrência entre Estados, mais desenvolvidos e menos desenvolvidos".

"a carta de intenções, o próprio euro e o tratado orçamental são as três coisas que impedem que Portugal dê a volta criativa, como fez o Equador, que pagou a sua dívida no mercado secundário ou a Argentina, que rompeu dom co FMI. Estar na Europa, nestas condições, é uma prisão".

"Portugal continuará a fornecer a mão-de-obra e nada mais", visto que, destaca, “tínhamos passado a ser um país de imigrantes, voltamos a ser um país de emigrantes. Tínhamos direitos sociais no domínio do trabalho, velhice, educação e saúde, que têm sido precarizados de modo a que Portugal se pareça, cada vez mais, com um país subdesenvolvido ou do terceiro mundo".

"a tentativa [de Portugal deixar de ser um país semiperiférico com a integração na União Europeia] foi tão mal gerida que ficámos pior. Não ganhámos nada em termos da nossa posição no sistema mundial, não ganhámos nada com a integração na UE e ficámos pior, porque perdemos os instrumentos que poderiam, de alguma maneira, provocar uma retoma significativa da nossa economia e da nossa sociedade".

O que não estão a ver é que a troika vai ficar, deixou tudo planeado" e a alternativa a esta situação, sublinha, "teria de ser protagonizada pelo PS, eventualmente em aliança com partidos à sua esquerda". Acontece que, defende, "a coragem do PS foi sempre contra a esquerda e continua a ser" e "como os ventos agora vêm da direita, não estou a ver a coragem. Pelo contrário".

A presença da troika em Portugal "trouxe uma defenestração, um insulto, um atraque total à nossa auto estima. Abriu a caixa de Pandora que é o racismo da Europa do Norte em relação à Europa do Sul", tratando os portugueses “como um bando de indivíduos preguiçosos que viveram acima das suas posses, à custa dos bancos alemães” quando, remata, "foi exatamente o contrário – os bancos alemães é que viveram à nossa custa durante estes anos".
(Boaventura de Sousa Santos)