domingo, 8 de março de 2015

A Elas!...

"Elas"...
O meu pensamento vai para as mulheres anónimas que lutam sem meios, ou que tinham alguns e deles foram privadas. Para a sua batalha quotidiana pelos filhos, o alimento, saúde, trabalho, educação. Para o seu heroísmo nesta forma de guerra que não conhece vitória, só a resistência que permita durar.

"Elas
inventam a mata
na clareira assombrada
embrenhadas na vigília
recriam, criam, dominam
Viram pombas, profetisas
com uma alvura de cera
pálidas rosas da China
«Oh, tormenta amendoada
solidões e desespero
enquanto de madrugada
Cavam, enterram, devassam
pespontando com o riso
as dobras de calamento»
Elas
bradam, elas buscam
sibilas e amazonas
emudecem as camélias
e as roseiras nervosas
Feiticeiras ardilosas
filhas da harmonia
partilham as tempestades
derrubam, suturam, fiam
«Oh, doçuras sigilosas
no aço do destempero
de incêndios e desesperos
Virados pelo avesso
a paixão e a razão
entre si tão divididas»
Elas
recusam, derrubam
dominam as próprias vidas
com a sua inteligência
Tornam-se donas do tempo
a semearem agruras
pelos meandros do vento".
(Maria Teresa Horta) 

Em pleno século XXI, ainda é preciso recordar a Mulher, enquanto vítima, enquanto lutadora de causas...